Dia 3 de maio, pelas 16 horas, são inauguradas seis instalações artísticas alusivas à flor, nas ruas e praças do Centro Histórico de Santa Cruz.
Os artistas convidados vão desde os mais consagrados e com provas dadas, até aos artistas emergentes e com uma coerência qualitativa do seu percurso e prática artística.
A ideia tem sido inovar e fazer com que as instalações artísticas, de caracter efémero ou perene, marquem a baixa da cidade, levando a um percurso pelas suas ruas, praças e jardins de santa Cruz, valorizando e dignificando o espaço público.
Os artistas problematizam o conceito da Festa da Flor, indo para além da mera decoração do espaço público, optando por debruçarem-se sobre a sustentabilidade, a biodiversidade, os endemismos, as relações com o humano e com o mundo em geral. Questões actualmente muito pertinentes, levando os fruidores não só à contemplação, mas também ao questionamento e à reflexão.
Patentes até 2 de junho.
Sinopse das instalações:
Corpos Florais.
Criação · Martîm Dinis.
Produtor Criativo · Ricardo Vieira.
Esta instalação propõe uma paisagem utópica. Três elementos orgânicos surgem no jardim como protuberâncias, provocando o espaço. Mascaram-se de flores para pertencer, num diálogo com o jardim. Estas formas atritam pela relação entre as escalas humana e natural, lembram-nos o pão de açúcar na sua forma, lembram o grotesco do seu contexto histórico-social. Chegamos a um lugar de contemplação e playfulness. Explora-se a relação entre o velado e o revelado, o subsolo, o que brota. O que irrompe da terra e germina, num lugar desconhecido e sobrevive.
Maná desta terra
Rodrigo Costa (rcalcos_art)
Madeira recuperada, tinta de água, tinta acrílica, pastel de óleo, arame de alumínio, tecido, fio sisal e linha de crochet. Torna-se difícil não ser tomado por uma urgência de contemplação num passeio pela beira-mar da cidade, entre o Mercado Municipal e a Ribeira da Boaventura. Bancos, muitos bancos, para ver o mar e a vida a acontecer, sem pressas. “maná desta terra” pretende reproduzir esta sensação, gerando um novo lugar que convida à observação e reflexão, através da transposição de dois elementos específicos à paisagem de um lado do túnel que divide este percurso, para o lado oposto. O primeiro, uma alta “parede” de folhas de inhame que se propaga por alguns metros. O segundo, um conjunto de cinco quebra-mares, ocos, semi-cilíndricos, erodidos de diversas maneiras. Respondendo à curiosidade inevitável de perceber o que está para lá da parede de inhames e utilizando a forma protetora (ainda que danificada) de um dos quebra-mares, esta peça apresenta, assim, uma realidade refletida e repensada, que oferece novas cores e perspetivas a um outro espaço da cidade; um novo banco.
Sem título
Rosa La Peligrosa
Desde há muito que a Madeira é descrita como “o Jardim do Atlântico”, “a ilha da eterna primavera”. Sem dúvida, um lugar de sonho, onde o contacto com a natureza é altamente procurado e apreciado tanto por residentes, como por aqueles que nos visitam.
É inegável o cenário natural único, repleto de texturas e contrastes incomparáveis que resultam em paisagens inspiradoras e numa experiência sensorial marcante que muitos anseiam viver. No entanto, como tem vindo a ser publicado recorrentemente nos meios de comunicação social, a elevada procura pelo destino Madeira, tem suscitado várias situações que provocam alterações imediatas e a longo prazo, nomeadamente no território / património natural.
Nesse sentido, e a modo de reflexão pessoal, esta proposta aborda a questão da utilização de espaços naturais como espaços de lazer (trilhos e levadas), o aumento do número de visitantes de natureza e em contrapartida o aumento de resíduos não orgânicos abandonados, os quais representam para o entorno natural da Madeira, uma ameaça iminente.
Como foco de trabalho decidi caminhar por quatro das levadas mais conhecidas do Município de Santa Cruz: Levada Nova - Santo da Serra, Camacha - Levada dos Tornos, Santo da Serra - Levada da Serra do Faial e Santo da Serra - Ribeiro Frio, das quais realizei um levantamento fotográfico e posteriormente passei para a desconstrução das formas através da ilustração. A composição final de cada lona, retrata o meio envolvente de cada trilho, numa composição de cubos / puzzle, como analogia à responsabilidade que todos temos para com a natureza e a preservação da mesma.