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A próxima sessão do projeto "Da Madeira ao Hawaii - uma viagem musical", tem lugar, dia 21 de outubro, no Museu Etnográfico da Madeira. 
Este projeto tem coordenação e execução do investigador e musicólogo Vítor Sardinha e inclui:
. Recital (Visitantes dos Museus)
. Ateliês Musicais (1º, 2º Ciclo)
. Dinamização Cultural (3º Ciclo, Ensino Secundário, Universidade Sénior, Casas do Povo, outros grupos).
O Projeto será dinamizado, quinzenalmente, até junho de 2022, mediante inscrição prévia.
Se está interessado em participar nas sessões que terão lugar no Museu Etnográfico da Madeira, inscreva-se, através dos seguintes contatos:

Tel:. 291 952 598
Caso ímpar na música portuguesa, o Rajão reflete também uma vivência cultural, seja a nível da arquitetura do instrumento, da afinação ou da geografia da sua prática musical.
Instrumento construído, praticado e ensinado apenas na Ilha da Madeira destoa do todo nacional, dos seus cordofones de referência e por isso tem de ser analisado e estudado, buscando outras fontes e fundamentos.
Utilizando a afinação reentrante, comum ao Renascimento e Barroco, este cordofone de cinco cordas simples, é sem margem para dúvidas muito antigo, mais antigo do que os outros populares instrumentos de corda madeirenses.
Mas não é apenas em Portugal Continental e nos Açores que o instrumento não é referenciável na prática instrumental. Nenhum país de língua oficial portuguesa o constrói, pratica ou ensina.
Manuel Morais, musicólogo com vasta e qualificada investigação menciona-nos na sua investigação («A MADEIRA E A MÚSICA - Estudos c. 1508- c. 1974» Edição - FUNCHAL 500 ANOS 2008;), alguns fundamentos musicológicos importantes: «Provavelmente o atual rajão é uma forma popularizada (que cristalizou), na Madeira, da arcaica ‘’viola requinta’’, usada pelo menos desde os finais do séc. XVI, e cujo exemplar único é a célebre viola de cinco ordens duplas, construída pelo português Belchior Dias em Lisboa no ano de 1581.»
Seria através da emigração da Madeira para as distantes ilhas do Havai, que a partir de 1879 se desenvolveu outra vertente do instrumento (mantendo a afinação reentrante), localmente conhecida como Ukulele. Nessa longa viagem de barco, que demorou quatro meses, os emigrantes da Madeira contratados para trabalhar nas plantações de cana-de-açúcar, levaram consigo enquanto companheiros de viagem, os três cordofones tradicionais do arquipélago: Braguinha, Rajão e Viola de Arame. Dos músicos que embarcaram salienta-se um nome, João Fernandes e, dos mestres violeiros, registados em Portugal como marceneiros, Manuel Nunes,
Augusto Dias e José do Espírito Santo. Estes quatro madeirenses foram os responsáveis pela visibilidade dos cordofones da tradição musical madeirense naquelas terras, (ainda como protetorado americano e não Estado) em particular perante o último rei do Havai Rei Kalakaua e a princesa Liliuokalanie.
Todos os três mestres abriram oficina e loja de venda dos seus instrumentos, participando em serenatas no palácio real.
O atual Ukulele do Havai, o seu instrumento nacional, possui enquanto afinação de cordas soltas a mesma utilizada pelo secular Rajão madeirense. Dois arquipélagos, duas culturas, dois oceanos - num mesmo cordofone!
Para celebrar esta viagem musical, e os seus protagonistas, os mestres violeiros e os músicos executantes que tornaram possível esta partilha histórica, foi idealizado um programa musical específico.
O momento musical, protagonizado pelo músico e musicólogo Vítor Sardinha, percorre o repertório do Rajão, através do tempo (o período renascentista, barroco e clássico), a Música Tradicional Madeirense e o repertório do cancioneiro americano (do swing jazz à música de dança do séc. XX). A ideia é tocar para quem visita, construindo em fundo, uma banda sonora.
Um segundo momento desta presença nos museus, é dedicado à dinamização cultural. Nesta (direcionada para as escolas, Casas do Povo, universidade sénior, comunidade local, entre outros grupos interessados), serão aprofundados vários temas, dos quais salientamos: a emigração madeirense para o Havai, a construção de instrumentos musica, prática e géneros musicais insulares, os contextos festivos da sua apresentação, entre outras curiosidades.

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