Dia 14 de junho | 17h00. 
Na Quinta Magnólia - Centro Cultural. 
Sobre a exposição: 
Silent Frames tem como ponto essencial de partida o filme de Samuel Fuller The Naked Kiss (1964). Para além disso, outras duas referências a autores/artistas são evidentes: Douglas Gordon e Gerhard Richter. Para este projeto recorreu-se à captação de uma série de fotogramas do filme neo-noir de Fuller para posterior apropriação e manipulação. Esses frames, ampliados para uma escala significativa, foram posteriormente desfocados, de modo a reforçar a sua indefinição e vagueza Richteriana. Trata-se de uma alusão estética a um determinado período da obra deste artista alemão – as denominadas Photo Paintings, em que recorria ao emprego técnico do chamado softening blur. As impressões digitais aqui exibidas são uma seleção de imagens de grande expressividade, carregadas de uma intensa dramaticidade emocional.
Poder-se-á dizer que são uma alusão mais ou menos clara ao conceito clássico grego de Phatos. Em paralelo, é projetado, em câmera ultralenta, um excerto subvertido de uma sequência campos e contracampos de The Naked Kiss. A influência do trabalho de Douglas Gordon, sobretudo em 24 hours Psycho, é sem dúvida evidente. Gordon apresenta neste trabalho uma versão sem som, com a duração de 24 horas, do célebre filme de Psycho (1960) de Alfred Hicthcock. Em ambos os casos há uma alteração comum: o tempo. Os mecanismos da perceção da realidade, como a memória e o tempo, são temas de pesquisa aprofundada deste artista britânico. Este excerto projetado de The Naked Kiss, para além da subversão temporal a que foi submetido através do emprego de câmara lenta, é alvo de um acréscimo de perturbação. E esse acréscimo foi concebido de modo a afetar ainda mais e testar as capacidades cognitvas do espetador. Trata-se, então, da desconstrução da sequência original e lógica da montagem do filme. Recorre-se a uma alteração aditiva e repetitiva dos planos, alterando e subvertendo a sua lógica original narrativa, de modo mais ou menos aleatório, tornando-a perturbadoramente destituída do sentido primitivo, retirando os alicerces, desestabilizando a normalidade, num desafio de perceção ao espetador.