Até 16 de setembro.
No Museu Etnográfico da Madeira, Ribeira Brava.
De Manuela Jardim.
A exposição apresenta um conjunto de obras (fragmentos) executadas em têxtil tingido com tintureiras, utilizando técnicas de diferentes continentes.
Uma das muitas vantagens de trabalhar com plantas tintureiras é a possibilidade de produzir cores que misturadas entre si criam novas cores.
Os corantes naturais podem ser extraídos a partir de folhas, flores, sementes, raízes, pedaços de casca de árvores, arbustos e outros tipos de plantas e liquens que encontramos na natureza. Com eles podemos obter infinitas combinações e efeitos. Mas não é só o reino vegetal e os liquens que nos fornecem elementos tintórios. Também com certos animais marinhos, o murex, o quermes, o choco e insetos como a cochonilha, se preparam cores e tonalidades.
Conhecer a história nos revela que o processo de extração de corantes vegetais fez parte integrante da vida humana desde tempos ancestrais e que se transformou mesmo numa importante atividade económica e cultural que se foi transmitindo entre várias gerações.
A exposição Na Rota da Urzela (plantas tintureiras) surge no seguimento do projeto sobre os panos d`Obra da Guiné e de Cabo Verde, iniciado em 2004 e desenvolvido em vários temas.
Com esta exposição pretende-se dar a conhecer as tintureiras que no século XVI, tal como a urzela, fizeram parte da rota dos Descobrimentos. Aí, numa feliz miscigenação de cores, cheiros e sabores, as civilizações se cruzaram, se detiveram e abriram as portas à harmonização de diferentes culturas. (...)
Assim, os têxteis, as sacas em serapilheira recuperadas e em algodão, são utilizados como suporte base dos trabalhos. São validados como símbolo de união, pela sua estrutura em trama e também permitem a criação de um efeito onírico especialmente pela sua translucidez e texturas. As Linhas, as cordas, as redes, os retalhos e os vimes, são incorporados num processo criativo através de técnicas da pintura, estampagem e tingidura.
A Madeira, como lugar de encontro de culturas poderá significativamente contribuir para a recuperação/valorização das plantas autóctones utilizadas em tinturaria natural e celebrar a História. Incentivar para a investigação, a preservação e conservação do ambiente através da criação artística, é um desafio.