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De 17 de outubro a 1 de março de 2025.
Museu Etnográfico da Madeira, Ribeira Brava.
Esta mostra é o resultado da recolha e estudo prático à volta de dois rebanhos em regime silvipastoril (ACGSP), duas fiandeiras de lã, Isabel da Eira e Isabel Ferreira e o repertório de tricot/malhas. 
Tem como objetivo dar a conhecer a lã, uma matéria-prima regional, ao longo do seu ciclo completo, desde a pastagem até à sua transformação em objeto, destacando a sua ligação à natureza e o papel fundamental do homem neste processo.
O percurso expositivo abrange o trajeto da lã, desde o mundo vegetal e animal até à sua integração na cultura.
Ao reconhecer este património e afirmar o seu valor, a exposição propõe uma interpretação contemporânea da lã e das tradições a ela associadas, recorrendo a experiências artísticas. O percurso recriado no espaço museológico procura compreender o que já existia na Região Autónoma da Madeira, o que ainda persiste e o que poderá surgir no futuro, tendo sempre em consideração a realidade atual. Trata-se de um encontro íntimo entre o visitante e a lã.
A exposição encontra-se dividida em dois espaços. No primeiro, que intitulámos, genericamente, de “Arquétipo”, convidamos o público a fazer uma viagem, que começa no barrete de orelhas, uma peça emblemática da ilha da Madeira que, na sua forma atual, remonta ao século XIX. Feito com lã de ovelha regional e utilizando a técnica de tricot, o barrete é um testemunho da História do povo, do seu quotidiano, desafios, valores, cultura e saber-fazer. Este espaço resultou da pesquisa dedicada à origem histórica, remetendo-se para a forma original do barrete.
No percurso efetuado, o barrete de orelhas leva-nos às grandes tosquias públicas, que ocorrem na Madeira, no Perímetro Florestal das Serras do Poiso, organizadas pelo Instituto das Florestas e Conservação da Natureza (IFCN) e pela Associação dos Criadores do Gado das Serras do Poiso (ACGSP).  A tosquia é celebrada como um verdadeiro arraial. O percurso passa pelas casas de mulheres, que ainda trabalham a lã, em diversas localidades, com especial destaque para as fiandeiras e artífices de peças de tricot, ligadas à pastorícia e localizam-se nas áreas adjacentes ao Poiso. Neste caminho, encontram-se muitos objetos, artefactos e processos caraterísticos da ilha.
Hoje, a lã das ovelhas da serra não é comercializada, mas continua a existir gado ovino, sem raça definida, conhecidas como “as nossas”, “as pequenas”, “as da terra” ou “as Marias” carregando, não só o peso do seu casaco, mas também memórias, costumes, tradições e o saber-fazer do povo.
No segundo espaço, o “Protótipo”, apresenta um estudo prático sobre a lã das ovelhas locais. 
Foi levado a cabo nos anos de 2023 e 2024, e teve como alvo as ovelhas que pastam em regime silvipastoril, dois rebanhos da Associação dos Criadores do Gado das Serras do Poiso, totalizando cerca de 1000 cabeças. Cada rebanho tem o seu próprio dia de tosquia, que ocorre uma vez por ano, em junho. A lã é recolhida durante as tosquias, mas a maior parte acaba por não ser aproveitada sendo, apenas, parcialmente utilizada pelas artesãs da ilha.
O objetivo central do estudo foi encontrar soluções práticas para evitar o desperdício da lã. 
Nesse sentido, a lã foi utilizada como meio de aprendizagem para crianças e adultos. Foi experimentada a sua aplicação na agricultura (como cobertura, fertilizante e compostagem), procedeu-se a uma demonstração do ciclo da lã, aos alunos das escolas primárias do Campanário e houve uma colaboração em atividades relacionadas com a sustentabilidade na Região, sendo esta lã utilizada para abordar temas ambientais. As atividades foram realizadas no Espaço do Artesão, da Câmara Municipal da Ribeira Brava, onde o Coletivo esteve a realizar residência artística para preparação da presente exposição.
O estudo baseou-se em trabalho de campo, junto de criadores de ovelhas e artesãos, para entender melhor o processamento tradicional da lã.
Rosa Pomar (Lisboa), investigadora das lãs portuguesas, participou no projeto, de forma a contextualizar a lã da Madeira no âmbito nacional, analisando os métodos tradicionais de processamento e comparando-os com a realidade em Portugal Continental. Para tal, desenvolveu-se uma fase preparatória, intitulada “Velo”, que teve início com a tosquia de 2023 e foi financiada pela Secretaria Regional de Economia, Turismo e Cultura, através do Museu Etnografico da Madeira e teve uma parceria com a Câmara Municipal da Ribeira Brava, através do Espaço do Artesão.
Este segundo espaço de exposição representa uma série de protótipos e uma interpretação artística, tentando mostrar o potencial aproveitamento da lã das ovelhas, do Perímetro Florestal das Serras do Poiso, desde a sua utilização no mobiliário até ao vestuário. Todos os protótipos e amostras foram produzidos a partir da lã regional.
FichaTécnica:
Curadoria: Irina Andrusko | Lídia Góes Ferreira
Projeto Museográfico: Irina Andrusko | Lídia Góes Ferreira | Márcio Ribeiro |RafaelaRodrigues
Design Gráfico: Márcio Ribeiro (DRC)
INVESTIGAÇÃO ICONOGRÁFICA E BIBLIOGRÁFICA: César Ferreira, Lídia Góes Ferreira (MEM); Irina Andrusko, Luz Ornelas (COLETIVO ENFIA O BARRETE)
Investigação de Campo: Ágata Xavier; Florêncio Pereira, César Ferreira (MEM); Irina Andrusko, Luz Ornelas (COLETIVO ENFIA O BARRETE); Rafaela Rodrigues; Rosa Pomar
Textos: Irina Andrusko
Tradução: Cláudia Noronha
Revisão de Textos: Dalila Fernandes, Lídia Góes Ferreira
Fotografia: Ágata Xavier; António Aragão e Artur Andrade, Gabinete de Defesa e Dinamização do Património da Região, Secretaria Regional da Educação e Cultura; Artur Pastor, Arquivo Municipal de Lisboa; Florêncio Pereira, MEM; Irina Andrusko;  Magno Bettencourt (Coletivo “Enfia o Barrete”); Jorge Freitas Branco, Gabinete de Defesa e Dinamização do Património da Região, Secretaria Regional da Educação e Cultura; Museu da Fotografia da Madeira, Atelier Vicente, em depósito no ABM
VÍídeo: Produção, Realização e Montagem: Rui Dantas
Instalação Artística: Joana Freitas (Aura)
Montagem: Fernando Libano, Florêncio Pereira, João Carlos Terra-Boa (MEM) e equipa do Coletivo Enfia o Barrete

Mediação: Nélia Reis, Rafaela Rodrigues e Coletivo Enfia o Barrete

Entrada livre.

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