Os Serviços Educativos do Museu Etnográfico da Madeira, promovem oficinas, ao longo do ano, que se destinam ao público em geral.
As oficinas têm diferentes temáticas, abordam diferentes áreas, nomeadamente a exploração das coleções etnográficas, a História do arquipélago, as artes plásticas, o artesanato, como as "Bonecas de massa", "As flores de arraial", "As bandeiras do Espírito Santo", as "Pombinhas em maçapão", "O Sardas e a nave sacarina", ou outras atividades, como "O Museu vai à Rua", a "Horta pedagógica e jardim de ervas aromáticas" e tantas outras.
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Atualmente, devido às contingências e normas de segurança, as oficinas são LIMITADAS A 5 PARTICIPANTES. Em Segurança. Sempre.
Aqui ficam algumas IMAGENS, das oficinas de exploração das coleções:"BONECAS DE MASSA", desenvolvidas nos últimos anos.
Esta oficina tem, como objetivos, dar a conhecer a História das bonecas de massa (figurado em maçapão), a sua importância na cultura regional, divulgar a sua "receita" original, e inclui a exploração da exposição permanente "Um grão levado pela corrente", sobre o ciclo dos cereais.
BONECAS DE MASSA ou BONECAS DE MAÇAPÃO
Em Portugal, a par da doçaria conventual, amplamente difundida a partir do século XVI, surgiu também uma outra, de caráter profano, comercializada nas romarias pelos vendedores ambulantes, na qual se incluíam vários tipos de doces e pão, cuja morfologia variava de região para região. As suas formas iam desde figuras antropomórficas a figuras relacionadas com a flora e a fauna ou inspiradas em motivos populares.
Desconhece-se ao certo a origem deste figurado de "maçapão" vendido no nosso arquipélago, por altura das romarias. É, no entanto, provável que tenha sido introduzido pelos primeiros colonos e se tenha transformado, ao longo do tempo, pelas mãos e criatividade das nossas artífices, distinguindo-se pelas suas originais formas e cores.
As figuras produzidas são morfologicamente variadas e possuem diferentes dimensões: o casal, inspirado na figura humana, feminina e masculina, símbolo de fertilidade e fecundidade, o galo, que simboliza a vigilância e o trabalho e se relaciona com cultos ancestrais de proteção na doença, as pulseiras ou argolas ornamentadas com passarinhos, símbolos do eterno retorno e da eternidade, e os cestinhos encanastrados.
Salomé Teixeira, natural do Sítio da Mãe de Deus, freguesia do Caniço, concelho de Santa Cruz, dedicou toda a sua vida à produção das denominadas " bonecas de massa", tendo aprendido o ofício com a sua mãe e era presença obrigatória nos arraiais da ilha. Foi ela quem nos transmitiu "os segredos do ofício", desta atividade artesanal, que sobreviveu nesta família, ao longo de várias gerações e são da, sua, autoria as bonecas que fazem parte do acervo e estão patentes ao público na exposição permanente.
Ludovina, uma prima desta artífice, e as suas três filhas, Felicidade, Glória e Trindade, naturais do Sítio dos Barreiros, na mesma freguesia, também se dedicaram durante muitos anos a este ofício, cujo "saber-fazer" lhes foi transmitido também no seu seio familiar.
Todas as fases de fabrico exigiam muita habilidade, adquirida ao longo de muitos anos de aprendizagem: havia que preparar a massa, tendê-la, modelar as figuras, ornamentá-las e cozê-las.
As matérias-primas utilizadas nestes artefactos eram farinha, água e fermento para fazer a massa, corante de ovo para lhes dar cor, papel de seda azul e vermelho para ornamentar as figuras e sementes de "bananeira de jardim" e "cebolinho" para colocar nos olhos dos bonecos e passarinhos.
Esta tradição é mantida por alguns artistas que as confecionam em maçapão, mantendo os traços originais, ou inovando nas formas ou nas cores, como Carmen Molina, Cristiana de Sousa e Francisco de Jesus. Por vezes, são também recriadas, por artistas que utilizam diferentes matérias primas, com uma maior durabilidade, nomeadamente o barro, a pasta de modelar ou a madeira. É o caso, entre outros, de Maria Jaime de Freitas, Carmen Molina ou Luz Ornelas.
Estes elementos, sempre presentes, antigamente, nas festas e romarias, permaneceram até os dias de hoje, afirmando-se quase como um "símbolo" destas festividades e ocupam um lugar de destaque no nosso artesanato tradicional, podendo, esta, ser considerada, uma das utilizações mais interessantes dos cereais, na produção artesanal madeirense.