No MUDAS.Museu de Arte Contemporânea da Madeira.
Abril é quarto mês do calendário gregoriano. Do Latim Aprilis, que significa abrir, referência à germinação das culturas. Figurativamente ganha o sentido de “fresco”, “viçoso” e “jovem”.
Um dado curioso deste advir de vida é o facto de, mesmo com as condições favoráveis, existirem sementes que não germinam, sendo estas consideradas “sementes dormentes”. A “dormência” determina a irregularidade na germinação uniforme de uma determinada área, favorecendo o aparecimento de espaços vazios, de ausência. Os conceitos de vazio espacial e de ausência são também componentes estéticos na composição artística.
O artista plástico Bruno Côrte (representado na colecção do MUDAS.Museu), em 2003 no projecto “Private Underground”, abordou questões relativas à germinação como processo criativo para a construção de uma obra de arte: “E se de início serviam apenas de modelos, depois passam a ser incorporados numa pintura que separa em espaços geometricamente definidos, regulares como os de um agricultor, tanto as manchas e as texturas em que predominam os tons de ocre, vermelho, castanho (as terras), como as sementes e fibras vegetais que foram pacientemente recolhidas.” (Isabel Santa Clara, Catálogo de “Private Underground”, de Bruno Côrte, 2003)