Catálogo da Exposição
RECOMPOSIÇÃO
Ricardo Veloza
Quinta Magnólia – Centro Cultural
Curadoria:
Eduardo Freitas
Filipa Venâncio
Luísa Figueira
Martim Veloza
Teresa Klut
Edição
Direção Regional da Cultura
Julho / Dezembro
Funchal - 2020
Uma quase biografia
Para esta exposição, pretendia uma visão pessoal sobre o escultor Ricardo Veloza . Criei um nome que, na sua forma original, despejava a ideia geradora: gathering the pieces. Ora, esse foi apenas o primeiro momento e a designação eleita foi uma tentativa de criar um neologismo, gerador desse sentido aglutinador e, simultaneamente, conciliador: RECOMPOSIÇÃO Avesso que é a entrevistas , a exposição tenta responder a uma série de questões, soltas, de disposição aleatória, com a noção de que uma interpelação é sempre redutora na sua essência, mas que liberta a resposta de formalismos desnecessários.
Esta mostra é uma agregação de peças ecléticas, seleccionadas pela sua importância ou imprevisibilidade. Pretende ser uma compilação de trabalhos conhecidos mas, e sobretudo, de desconhecidos lastros plásticos que o artista concebeu durante a sua vida consagrada à comunicação visual. Entendase como uma junção de obras diferenciadas, nas distintas áreas das artes plásticas e de intervenção urbana. O destaque maior incide no desconhecimento da totalidade da obra do artista que vai muito para além do geografia cultural da estatuária publica: entramos quase na sua vida privada.
O trajecto da sua arte começa no entendimento que o escultor possuiu do seu tempo e que materializa através da criação de formas, espaços e expressões visuais numa impaciência infindável de comunicação. O artista cria e recria, visualmente subjugado ao pensamento, ideologia ou paradigma da sua existência e às indagações do seu tempo e, sobretudo, à sua idiossincrasia.
A selecçao, arbitrária e fragmentada, é uma linha que a curadoria estabeleceu para dar ordem à vastidão de trabalhos, que de outra forma não seria possível: o ruído tornaria a sua leitura impossível chegando rapidamente a um estado de entropia difícil de transpor…
Esta exposição pretende ser uma homenagem ao Mestre e à sua extraordinária obra disseminada pela Região Autónoma, e sobretudo, ao instigador das artes, ao
trabalho incansável de se posicionar na cidade com o seu cunho muito pessoal e inconfundível. Paralelamente uma nova leitura, uma recomposição dos trabalhos ecléticos e dispersos do escultor. Esta organização, agremiadora de peças soltas e avulsas, assim se arroga ao tentar ilustrar a multiplicidade e ao mesmo tempo a coerência, reescrita segundo uma museografia orientada pelo horror ao vazio, que o próprio escultor fez questão de aconselhar.
RECOMPOSIÇAO: a mão e o espírito; a retrospectiva e a perspectiva, a comemoração na medalhística e nos trófeus, a noção expressa do presente e do passado nos cartazes e logotipos, a dualidade entre o livre arbítrio e o formalismo do desenho, o rigor e a liberdade das esculturas públicas, no lugar onde pertencem: A CÉU
ABERTO.
Teresa Klut
(a autora preferiu usar a grafia anterior ao AO de 1990)