LogoCmadeira2020

LogoSRTC2020

PT EN

Mercado dos LavradoresClassificação do Mercado dos Lavradores, no Funchal, como imóvel de interesse público.

DRC - DSMPC
Ficha de Classificação:
Título: Mercado dos Lavradores
Valor: Classificação como imóvel de Interesse Público pelo seu relevante valor histórico, arquitetónico, artístico, etnográfico e social.
Localização: Rua Latino Coelho 38, freguesia de Santa Maria Maior, concelho do Funchal.
Proprietário: Município do Funchal.
Área de proteção: Zona geral de proteção definida no esquema em anexo.
O Mercado dos Lavradores identifica, a partir da cidade do Funchal, a introdução e recurso da linguagem modernista na arquitetura madeirense, através das obras do arquiteto Edmundo Tavares (1892-1983), que respondeu às dinâmicas implementadas por Fernão Ornelas (1908-1978) na cidade, a partir de 1935, com a sua entrada na governação da câmara.
O Mercado dos Lavradores, juntamente com o Matadouro Municipal, foi inaugurado a 24 de novembro de 1940, associando-se aos auspícios do programa das comemorações da independência de Portugal: 1140 (fundação do Estado Português) e 1640 (Restauração, por D. João IV e fim da coroa dual). No entanto, data de 9 de dezembro de 1938 o edital da câmara para a sua construção, tendo as obras iniciado a 9 de janeiro de 1939.
O Mercado dos Lavradores apresenta planta trapezoidal, tendo no centro um grande pátio retangular, amplos espaços de circulação, volumes articulados vertical e horizontalmente, fragmentados e diversificados, e pilares entre os vãos dando grande amplitude ao espaço, conotando-se com a ideia de uma cidade com praça e ruas de certo pendor cenográfico e monumentalidade arquitetural.
Anota-se, neste edifício, a estética da arte Deco, de cariz mais geometrizante, conjugada com alguns regionalismos construtivos e estéticos. É o que se observa na fachada, entre o jogo geométrico e certa depuração formal: torre quadrangular com escudo da cidade esculpido em basalto regional; corpos curvilíneos e dinâmicos; lajes em consolas; escadaria de três pisos; vãos corridos; entrada principal com vão e pilares pronunciados; corpo semicircular avançado, Nos alçados destacam-se as grandes áreas envidraçadas, com molduras contínuas em cantaria, a marcar a horizontalidade. As entradas são assinaladas com pequenos frisos de tijolo dispostos paralelamente em altura, no seguimento das ombreiras. O tardoz apresenta, ao longo de todo o segundo piso, um terraço com pérgula virado para a rua.
Os alçados do corpo correspondente à zona do peixe têm um tratamento diferenciado. Os vãos apresentam molduras mais pequenas em cantaria e as marcações em tijolo são mais frequentes.
No exterior observa-se um painel de azulejos, azul e branco, aludindo ao antigo Mercado de D. Pedro V, vendo-se no centro o conjunto escultórico (“Leda e o Cisne” e pedestal com fontes e data de 1880), que esteve naquele mercado e foi transferido para o átrio da câmara em 1941. A restante composição representa as tendas das vendas de frutas e legumes, a florista, vendedores, pássaros, e uma mãe com a filha no bebedouro. Outros painéis de azulejos são emoldurados com cartelas rocailles, policromáticas, com concheados e florões, extemporâneas, mas adaptadas à cultura tradicional madeirense sendo introduzido ao desenho da gravura original frutas locais como as bananas. Nas molduras das cartelas ficou desenhado “C.M.F./MCMXL”, na parte inferior, e as armas da cidade do Funchal, no remate superior. No centro, e a azul e branco, foram representadas cenas do quotidiano madeirense (floristas e vendedoras de frutas, com cestos de vimes; pesquitos descalços com celhas de peixe; homens e mulheres vestindo os típicos trajes regionais de vilões). Os azulejos são assinados e produção da Fábrica Battistini (Lisboa), de Maria de Portugal, da autoria do pintor João Rosa Rodrigues, com a data de 1940. Em diversos espaços estão azulejos azuis, brancos e amarelos, imitando o antigo padrão de maçaroca.
O arquiteto Edmundo Tavares, formado na Escola de Belas Artes de Lisboa, foi discípulo do mestre José Luís Monteiro (1848-1942) e exerceu funções na Câmara Municipal de Lisboa. No Funchal lecionou na antiga Escola Industrial e Comercial de António Augusto Aguiar, onde se efetivou como docente. Anota-se na sua obra influências de Raúl Lino (1879-1974).
O empreiteiro/construtor do Mercado dos Lavradores foi Manuel Alberto Gomes, escolhido entre doze candidatos ao concurso da obra, tendo apresentado o orçamento mais baixo no valor de 2605 contos. Teve a direção técnica José M. Pereira.
O Mercado dos Lavradores foi sujeito a várias campanhas de obras desde 1980 até os dias de hoje.
O Mercado dos Lavradores está classificado como de Interesse Municipal (Resolução do Conselho do Governo Regional da Madeira n.º 1070/93 - JORAM, I Série, n.º 124, 2.º suplemento, de 27 de outubro de 1993).

Ficha de Classificação do Mercado dos Lavradores

Planta de Classificação do Mercado dos Lavradores

Anúncio de abertura de procedimento de classificação do Mercado dos Lavradores, no Funchal, como imóvel de interesse público.

Este sítio utiliza cookies para facilitar a navegação e obter estatísticas de utilização. Pode consultar a nossa Política de Privacidade aqui.