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A "cana", "cana vieira"ou "cana de roca", como é popularmente designada (arundo donax L.), é uma planta que se encontra disseminada por todo o arquipélago e é facilmente reconhecível pelos tufos que formam os seus caules, longos e eretos, de uma cor verde clara, inconfundível.
Encontra-se cultivada e, atualmente, sobretudo naturalizada, por toda a zona baixa da ilha da Madeira, até pouco mais de 500 metros de altitude e, na ilha do Porto Santo, nos areais, em incultos rochosos, em arribas e falésias ou em muros de suporte ou beiras de socalcos.
É uma das plantas não alimentares e introduzidas no arquipélago da Madeira, com maior expressão territorial e teve inúmeras aplicações no quotidiano madeirense. Era utilizada na agricultura (como tutor em determinadas culturas, para construir sebes, divisórias, esteiras, caniços, abrigos, como forragem, etc.), como combustível, na construção civil (arquitetura popular), na fixação de dunas e na defesa contra a erosão, na ornamentação de parques e jardins, na confeção de ferramentas usadas na olaria, na "armação das lapinhas", ou seja na construção dos tradicionais presépios madeirenses de "escadinha" ou de "rochinha", ou na produção de inúmeros artefactos, nomeadamente instrumentos musicais, cestaria, brinquedos e outros utensílios utilitários ou decorativos, como é o caso das tradicionais gaiolas e armadilhas para pássaros (alçapões ou gangorras).
A produção de gaiolas possui uma longa tradição na nossa Região e era um ofício cuja aprendizagem era feita no seio familiar e passava de geração em geração. A morfologia destes artefactos evoluiu ao longo dos tempos ao sabor da criatividade dos artesãos e das necessidades da procura.
Antigamente, depois de confecionadas pelos artífices, as gaiolas eram transportadas, com pássaros, até às feiras e mercados, onde eram comercializadas. Com a evolução tecnológica perderam grande parte do seu valor utilitário, o que quase levou à extinção desta atividade artesanal. Atualmente são procuradas essencialmente para fins decorativos.
Esta gaiola, da autoria de Manuel Ferreira Júnior, natural da Ribeira Brava, é um artefacto confecionado com muita habilidade e criatividade. É constituída por um corpo principal hexagonal e dois corpos laterais de pequenas dimensões, num dos quais possui uma gaveta de madeira, para colocar-se a comida dos pássaros. Na sua base existem vários tabuleiros amovíveis, em madeira, de forma a facilitar a limpeza do fundo da gaiola. A cobertura central, troncocónica, foi ornamentada com ripas de cana, cruzadas, e as coberturas dos corpos laterais construídas, em semicírculo. Possui uma pequena porta, trancada com um arame em forma de fecho e, no seu interior, foram colocadas três canas transversais, que servem de poleiros às aves.

As Coleções do Museu Etnográfico da Madeira

Artesanato

Créditos: Museu Etnográfico da Madeira

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