Festas e Romarias da Madeira: O Espaço e a Festa.
No âmbito do projeto desenvolvido no Museu Etnográfico da Madeira e do qual resultou uma exposição temporária e a edição, em 2019, do livro “Festas e Romarias da Madeira” (o Nº3 da nossa coleção “Cadernos de Campo”, premiada com o Prémio APOM 2019, na categoria de Investigação), o museu decidiu partilhar, nas suas páginas das Redes Sociais (Facebook e Instagram) diferentes álbuns, com algumas imagens, que fazem parte dessa obra.
O ano passado partilhámos várias festas, de todos os concelhos, procurando assinalar alguns aspetos que as caraterizavam.
Iremos, agora, divulgar alguns artefactos, relacionados com os rituais profanos e religiosos das festas e romarias.
Esta semana, o museu divulga as "Choradeiras".
A iluminação era parte constituinte da ornamentação do espaço e era montada com o auxílio de "gambiarras", ou seja, um sistema de iluminação formado por várias lâmpadas enfileiradas, sustentadas por um fio.
O frontispício da igreja era iluminado com estes cordões de luzes, que se desdobravam em "gambiarra", no adro e nas ruas mais próximas, bem como ao longo dos caminhos que circundavam o local da festa.
No entanto, além desses cordões de iluminação, com lâmpadas de diversas cores, dispostos de modo a formar diferentes desenhos, eram colocados, também, em determinados espaços, outros artefactos de iluminação, formando símbolos religiosos, como a "cruz" ou a "custódia", ou outras estruturas, meramente decorativas, como esta que apresentamos, popularmente conhecida, por "choradeira".
Antigamente, as lâmpadas utilizadas nesta iluminação, eram pintadas pelos próprios, que recorriam a verniz, de diferentes cores, para esse efeito, utilizando um método curioso. Eram colocadas na gambiarra que, ligada à eletricidade, era pendurada numa parede. Depois, colocavam o verniz num copo e, uma a uma, iam mergulhando as lâmpadas, deixando-as a escorrer e a secar, cerca de 30 minutos, de modo ao verniz aderir ao vidro, por ação do calor.
É interessante relembrar que, em tempos ainda mais recuados, a eletricidade para estas iluminações era produzida por geradores volantes ou utilizavam-se fogos naturais, de azeite, em tijelas coloridas, escamas de cebola, valvas e, mais raramente, por meio de velas de estearina, dentro de balões de papel.