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As coleções do Museu Etnográfico da Madeira. Atividades Recoletoras.
Os recursos naturais, principalmente agrícolas, e o seu natural aproveitamento, condicionaram a cultura material no meio rural, nomeadamente a criação de utensílios.
E porque, como diz o ditado popular, "a necessidade aguça o engenho", o povo adaptou-se e aproveitou as matérias-primas, também oferecidas pelo meio, para a construção dos instrumentos, que lhe permitissem explorar os recursos disponíveis, sendo esta turquez, pertencente ao acervo do museu, disso exemplo.
Sendo um instrumento simples, é muito eficaz na apanha de um fruto, muito abundante e apreciado no nosso arquipélago.
Trata-se do "figo-da-Índia, também conhecido como "figo de piteira", "figo do diabo", "figo do inferno" e mais conhecido no nosso arquipélago como "tabaibo".
Planta de cultura espontânea, os seus frutos têm grande procura, nas duas ilhas, Madeira e Porto Santo, sendo consumido como sobremesa, ou a qualquer hora do dia, especialmente frescos.

As tabaibeiras, "Opuntia tuna" (L.) Mill., conhecidas em Portugal Continental como "figueiras da Índia", estão localizadas, geralmente, em locais pedregosos e secos. Apresentando estes frutos um elevado número de espinhos, o povo recorre a varas compridas, com um prego espetado numa das extremidades, com o qual espetam o fruto.
No entanto, construiu-se, também, este utensílio, mais adequado a esse fim. A "turquez", espécie de tenaz de madeira, possui as extremidades em forma de colher, de forma a não danificar o fruto, o que o torna mais vantajoso em relação ao tradicional método da vara.
Após a colheita, os frutos são colocados numa caixa com areia e são agitados, num movimento de vaivém, para retirar os espinhos, ou utilizam uma vassoura de acácia, para o mesmo efeito.
As suas cascas são também aproveitadas para alimentar os suínos e os seus ramos, depois de limpos dos espinhos, servem de alimento ao gado.
Antigamente, esta planta estava também ligada à tinturaria. Originária da América, foi introduzida na Ilha da Madeira, no séc. XIX, e a obtenção do pigmento carmim, dava-se através da produção da cochonilha, um insecto, originário do México, parasita da tabaibeira. Segundo se pode ler no "Elucidário Madeirense", do Pe. Fernando Augusto da Silva e Carlos Azevedo de Meneses, este insecto teria sido importado das Canárias, no segundo quartel do século XIX, com o propósito de se obter esse corante natural vermelho, destinado à tinturaria.

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