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Porcelana branca decorada com esmaltes.
verde, preto e dourado.
China, Dinastia Qing, Qianlong (1736 – 1795). Para a mesa! É o que nos apetece dizer perante este convidativo prato de porcelana. No século 18 os serviços de jantar, no sentido de um conjunto de peças de mesa do mesmo material e decoração, eram uma moda recente, originária na França e rapidamente propagada por outros países europeus. Naturalmente os serviços de porcelana eram um luxo, só permitido a alguns. Encomendados na China, a maior parte dos que entraram na Europa são do período Qianlong, balizado entre os anos de 1736 e 1795. Vinham através do porto de Cantão trazidos por mercadores privados e pelas diferentes Companhias das Índias Orientais, para os diversos países europeus, como Portugal, Inglaterra, França, Holanda, Dinamarca, Suécia, Espanha, entre outros. Destinam-se à nobreza e à alta burguesia que gostavam de ostentar à mesa os seus “aparelhos” de louça da China, cujos serviços de jantar podiam variar entre as 80 e as 600 peças, entre as quais pratos fundos e rasos, terrinas, travessas várias, saladeiras, molheiras, mostardeiras, saleiros, caixas de especiarias, manteigueiras e cremeiras. Também existiam os serviços de chá, de café e até de chocolate, cada qual com o seu conjunto de peças associado. Portugal foi um dos maiores importadores e consumidores de porcelana, e a febre propagou-se de tal modo que há notícia de famílias detentoras de cinco ou mais serviços.
Este prato em porcelana branca com decoração delineada a preto, pintada a verde e com apontamentos de ouro, é com certeza proveniente de um desses conjuntos. Tem formato circular, de caldeira baixa, aba direita e inclinada, bordo recortado em chaveta e ondulado. Apresenta no centro um ramalhete de folhas e flores, abertas e em botão, atado por fita de pontas ondulantes, e está enquadrado por quatro hastes de pequenas flores soltas e equidistantes. Uma leve grinalda de folhagem ondulante pontuada de florinhas marca o fim da caldeira. A aba é decorada por uma cercadura ondeada, preenchida com motivo em quadrícula escamado; é intercalada por seis pequenos tufos de quatro folhas, entre os quais se desenham linhas ondeantes realçadas a dourado, rematadas inferiormente por um franjado de idêntico movimento.
Apesar da sua cor verde, o prato integra-se na paleta da “família rosa” e este termo não se relaciona com a flor, mas sim com a nova cor de esmalte descoberta, o rosa. A sua origem exata é dúbia, talvez holandesa, de meados do século 17, ou chinesa, mas esse esmalte permitia uma série de tons associados na gama dos rosas, os quais eram complementados por uma paleta de cores onde se incluíam o azul alfazema, o verde pálido, o púrpura, o amarelo e o branco. Esta paleta da “família rosa” foi utilizada desde cerca de 1725 até aos inícios do século 19. As porcelanas chinesas de exportação deste período seguiam o gosto e os modelos europeus, razão pela qual se enviam objetos em metal e em cerâmica para serem reproduzidos na China e, de igual modo, desenhos e gravuras para servirem de base à decoração. Este prato é um claro exemplo de decoração totalmente europeia, sem qualquer sombra de influência chinesa. Tanto as cores como os motivos não são os mais comuns na porcelana da época, o que talvez denuncie um gosto ou uma encomenda específica. Apesar das flores serem um tema recorrente na porcelana de exportação, a sua representação naturalista é mais escassa, trata-se, no entanto, de um assunto apreciado desde o século 17, altura em que se publicam inúmeros livros de botânica, com desenhos de flores e plantas, da autoria de pintores naturalistas, nomeadamente da Holanda. Algumas dessas estampas são mesmo versados no preciso tema deste prato, pequenos buquês de flores atados por fita, como as da autoria da alemã Maria Sibylla Merian (1647-1777), ou dos franceses, Jean-Baptiste Monnoyer (1636–1699) e Jacques Bailly ((1629-1679).
Créditos: Casa-Museu Frederico de Freitas
 
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