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Da coleção da Casa-Museu Frederico de Freitas.
Francisco Maya (Lisboa, 1915-Funchal, 1993).
Óleo sobre platex.
Portugal, Madeira, 1953-1978
Haverá azul mais belo que o do oceano sob um céu ensolarado? Dificilmente algum tom se lhe compara e não basta ser artista, é preciso amar verdadeiramente o mar para captar essa beleza. Paisagem da costa norte da ilha da Madeira, com o mar em grande plano, calmo, luminoso, de um azul inebriante, desdobrado em tonalidades várias que refletem a ondulação suave. Navegando próximo, um barco a remos com três ocupantes e, ao fundo, a linha do horizonte esbate-se para se tornar céu, num tom mais pálido, manchado de nuvens esparsas, etéreas e esbranquiçadas. À direita ergue-se a encosta de contorno irregular, abrupto, que orienta o olhar no sentido vertical, conduzindo-o até ao longe por uma paleta de tons subtis que começa nos castanhos escuros, passa para os verdes mais suaves, segue pelos lilases que se esbatem em nuances azuis, tal como a neblina que caracteriza a distância.
Estes deslumbrantes efeitos são conseguidos através da manipulação hábil da espátula que deixa rastos de distintas texturas. Subtis volumetrias são criadas através da sábia aplicação de camadas de tinta espessa, alternadas com outras mais planas, podendo ainda ser raspadas para deixar à vista diferentes níveis de cor. Esta técnica é bem observável, no reflexo das rochas e da embarcação, que à esquerda equilibra a composição, dando a ilusão de movimento e transparência da água, onde os diferentes tons de azul, preto e branco espelham o perfeito domínio de tintas e espátula. No canto inferior direito a assinatura de Francisco Maya (F. Maya), o pintor que se apropriou do mar para impactar e distinguir a sua pintura.
Francisco José Peile da Costa Maya, filho do famoso escultor Delfim Maya (Porto, 1886-Lisboa, 1978), nasceu em Lisboa, em 1915, frequentou as aulas de desenho e pintura na Escola de Belas Artes, de Lisboa, onde obteve o diploma de autodidata. Viveu entre Cascais e as ilhas da Madeira e do Porto Santo, com passagens por Paris, Espanha, África do Sul, Moçambique e Angola, onde expôs os seus trabalhos. Pintou figuras humanas, temas sacros, vistas diversas, mas o mar é o seu tema recorrente em paisagens costeiras, marinhas, enquadrando barcos e pescadores. Não se fixa em detalhes, porque a sua pintura não é para ser vista ao perto mas à distância. Usa tintas de cores diferentes que dispõe em camadas, não as mistura na paleta, mas diretamente sobre o suporte, originando outros tons, diferentes formas, para dar vida e criar uma imagem. E é no mar que revela um talento inato, uma especial sensibilidade para captar a inquietude e a vibração das águas sempre em movimento.

Texto:Casa-Museu Frederico de Freitas

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