LogoCmadeira2020

SRETC2024

PT EN
No Convento de Santa Clara podemos observar algumas pinturas representando a Imaculada Conceição, pois esta devoção foi muito comum nos mosteiros e conventos das clarissas, como acontecia com os franciscanos, tendo a Ordem dos Frades Menores defendido o seu dogma e celebrado esta festividade desde o século XIII. 
Uma pintura a óleo sobre tela, representando a “Imaculada Conceição”, data de finais do século XVII ou inícios do século XVIII, estando atribuída a uma oficina regional. Segue uma iconografia comum da Imaculada Conceição com litanias, estando a Virgem coroada com doze estrelas. Apresenta feição jovem, com longos e esvoaçantes cabelos louros, como defendeu o pintor e tratadista espanhol Francisco Pacheco (1564-1654). A Virgem, que ocupa o centro da composição, de pé e em posição frontal, olha o espetador e esmaga a serpente maléfica. Assenta sobre um crescente lunar dourado, de pontas para cima, com sete cabeças de anjos. O rosto da Virgem é de traço delicado, como se observa nos lábios, olhos e nariz, como também é de bom desenho anatómico as cabeças de anjos. Traja vestido branco, manto azul ornamentado a dourado no debruado, anotando-se certa rigidez na modelação dos panejamentos. Ladeiam a Virgem vários símbolos imaculistas (litanias), descritos, especialmente, no “Cântico dos Cânticos” e no “Génesis”: porta, açucenas e torre (lado esquerdo); escada, rosas e cidade de Deus (lado direito). 
Outra pintura desta temática encontra-se no altar-mor da igreja do convento, também pintura a óleo sobre tela, do século XX, assinada e datada: "Alfredo Migueis (reconstituiu) I – maio - 1930". 
Alfredo Miguéis (1883-1943), pintor madeirense, foi uma figura relevante da primeira geração do Modernismo Português, e em 1929 acompanhou diretamente as obras de restauro das capelas e coros do Convento de Santa Clara, no Funchal. Segundo notícias coevas, divulgadas em jornais regionais, Alfredo Miguéis ofereceu esta pintura – “Imaculada Conceição” - ao convento, seguindo exatamente o antigo retábulo. A Virgem, plena de juvenilidade, é elevada por uma plêiade de anjos e protegida pelo Pai Eterno e Espírito Santo, com desenho correto e plasticidade marcada pela mancha uniforme, claros cromatismos e suaves sombreados. 
Desde 12 de dezembro de 1917, quando os alemães bombardearam o Funchal, atingindo parte desta igreja, que o altar-mor estava sem ornamentação. O alvo do bombardeamento alemão deveria ser a estação do telégrafo «Casa da Linha», localizada no lado oposto da Calçada de Santa Clara, o que impossibilitaria a comunicação com o exterior através do cabo submarino, ou mesmo o convento, pois ali estava aquartelado o Regimento de Infantaria n.º 27, que se manteve até 1918.
Texto: Paulo Ladeira e Rita Rodrigues. DRC/DSPC/DEP
Fotografias: Filipe Matos. DRC/DSPC
1imaculada n
 
2conceicao n
Este sítio utiliza cookies para facilitar a navegação e obter estatísticas de utilização. Pode consultar a nossa Política de Privacidade aqui.