Para celebrar o Dia Nacional do Azulejo, dia 6 de maio, a Casa-Museu Frederico de Freitas apresenta um breve roteiro dos azulejos que ainda sobrevivem nas fachadas do centro do Funchal. Evoca-se deste modo a cada vez mais escassa herança azulejar da cidade. Este património disperso por diferentes edifícios, é um fator de valorização que urge salvaguardar e preservar. O objetivo é chamar a atenção para estes revestimentos únicos que animam, dão cor e iluminam a cidade.
Editado pela Casa-Museu Frederico de Freitas/ DRC, este livro foca os azulejos, hoje desaparecidos, que revestiam os vinte bancos da Avenida do Mar, no Funchal. Da autoria de Alfredo Miguéis e datados de 1938, foram produzidos na fábrica do Outeiro, em Águeda.
A sua instalação integrou-se no projeto de abertura da Avenida Marginal, da responsabilidade da Junta Autónoma dos Portos do Arquipélago da Madeira, cuja inauguração ocorreu a 13 de outubro de 1939.
À entrada da cidade estes painéis serviam de cartão de visita para os que chegavam. Mostravam os principais pontos turísticos, usos e costumes pitorescos e celebravam o passado heroico das navegações portuguesas, no qual a chegada à Ilha da Madeira foi um marco impulsionador e decisivo. Neste contexto Alfredo Miguéis concebeu composições em que usou a representação da Ilha, a heráldica da Cidade, as suas aguarelas de paisagens e uma fotografia de 1887 da baía do Funchal. Para os tipos populares tradicionais inspirou-se nas gravuras antigas da Madeira, opção claramente assumida ao inserir a inscrição “Composição segundo uma estampa antiga" logo abaixo do título de cada um desses painéis. A exemplo, apresentamos o painel “Moendo Trigo” que usa a litografia "Girl Grinding Corn", do álbum "Recollections of Madeira", de 1843, de William Samuel Pitt Springett (1818-1860). Como se vê, A. Miguéis replica a figura e o fundo originais, mas amplia o seu enquadramento e adiciona novos elementos de forma harmoniosa e integrada.
Reconhecido pelos seus dotes de pintor, Alfredo Miguéis foi um dos impulsionadores da criação do Museu Municipal e introduziu o ensino do embutido na Escola Industrial. Em 1939, foi agraciado com o Grau de Oficial da Ordem da Instrução Pública.
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