Museu Etnográfico da Madeira - Medicina Popular.

No âmbito do projeto desenvolvido no museu e do qual resultou uma exposição temporária e a edição, em 2024, do livro “Arribar - Artes de cura e proteção”, o museu decidiu partilhar, nas páginas das Redes Sociais, mensalmente, uma rubrica, sobre a temática da medicina popular.

Este mês partilhamos um artefacto em vidro, o “copo para lavar os olhos”. Este objeto era usado por quem sofria de doenças oculares e foi projetado com a medida do olho do paciente.

Para inflamação da vista, colocavam dentro do copo uma infusão de água de rosa, malvas ou flor do sabugueiro, sem enchê-lo. O processo iniciava-se com colocação do copo no olho e a cabeça baixa para, em seguida, elevar-se para cima e para trás. Depois, o doente abria o olho, por determinado tempo e tornava a colocar a cabeça para baixo, enchendo-o de novo, para tratar o outro olho.

Atualmente, em vez das infusões, usa-se água destilada ou salina ou, ainda, soro fisiológico, uma mistura de água e sal, que contém 0,9% de cloreto de sódio.

Era também, recorrente, pedir auxílio a Santa Luzia, colocando, no pescoço, um amuleto protetor, os chamados “olhos de Santa Luzia”, joias com a forma de olhos ou uma concha mineralizada, de um molusco, com forma adequada, recitando-se orações, proferidas pelo próprio ou por intermédio de uma curandeira:

“Por aqui passou Santa Luzia

Três novelo na mão trazia

Com um ardia, com o outro tapava,

Com outro a belida se desfazia.

Em louvor de Santa Luzia,

Um padre-nosso e ave-Maria”[1].

Enquanto a curandeira proferia a oração, fazia o sinal da cruz sobre o olho do doente. O tratamento durava 5, 7 ou 9 dias.

Para outras maleitas do foro oftalmológico, embebiam-se compressas em infusões, mornas ou frias, como a da malva ou da macela, aplicando-se sobre a pálpebra.