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As operações de tratamento do linho, desde que é colhido até ser tecido no tear, são designadas popularmente por tormentos do linho, devido às inúmeras e árduas tarefas que são necessárias realizar. 
Depois de colhido, o linho é ripado, mergulhado na água para curtir, lavado e colocado ao sol para secar, e malhado, para permitir a trituração. Após esta operação é “gramado” e tasquinhado, separando‑se os restos inúteis. Novamente seco ao sol é “sedado”, separando‑se o linho puro da estopa. É fiado na roca, “ensarilhado”, cozido no forno e posto a corar, seguindo‑se as operações de “dobar”, “canelar”, “urdir” e, finalmente, tecer. 
É num instrumento como este, pertencente à coleção do museu, a chamada “gramadeira”, que se trilha a “estriga” ou maúça (porção de linho),  desfibrando-a da textura lenhosa, operação designada de “gramar”. 
Este instrumento é “constituído por um sector de um galho tosco, com um rasgo em V aberto a todo o seu comprimento, onde joga uma peça com gume ‑ o graminho – articulada, por uma das extremidades, num dos topos do rasgo, e com uma mãozeira na extremidade livre. Esse galho prolonga‑se ao lado da primeira daquelas extremidades por duas pernadas que fazem de pernas e que, quando se trabalha com o aparelho, pousam no chão, enquanto a outra extremidade se apoia em qualquer suporte, a cerca de 60 cm de altura. 
O graminho é manejado com a mão direita; a mão esquerda empunha a estriga do linho e pousa‑a sobre o rasgo. Com o graminho dão‑se sucessivas pancadas rápidas na estriga, ao mesmo tempo que esta se vai puxando, voltando‑se ora de um lado ora do outro, de modo a trilhá‑lo de lés-a-lés; seguidamente baixa‑se o graminho e mantém‑se sob pressão ao mesmo tempo que se puxa a estriga para que a sua passagem sobre as esquinas da gramadeira e sob o gume do graminho a vá limpando das arestas e das fibras mais frágeis e curtas.” 
As Coleções do Museu. 
O Ciclo do Linho. 

BIBLIOGRAFIA: OLIVEIRA, Ernesto Veiga de; GALHANO, Fernando; PEREIRA, Benjamin; O Linho – Tecnologia Tradicional Portuguesa, 2ª edição, Instituto Nacional de Investigação Científica, Centro de Estudos de ETNOLOGIA, Lisboa, 1991.

Créditos: Museu Etnográfico da Madeira: 

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