Estes carrinhos, movidos pelo homem, possuíam dois apoios, para levantá-lo e empurrá-lo, os chamados “braços” e outros, para mantê-lo erguido: os “pés”. Estavam ambos localizados numa parte do objeto e, na outra extremidade, aos lados, existiam dois pneus, com aro.

O carrinho era erguido pelos apoios e empurrado, ganhando as rodas movimento pela tração exercida pelo corpo do vendedor.

Os carrinhos acondicionavam as guloseimas e facilitavam o deslocamento dos produtos, que eram vendidos em diversos lugares, em pontos estratégicos de movimentação de pessoas. Quem não se lembra destes carrinhos na antiga Avenida do Mar, atualmente Avenida das Comunidades Madeirenses e noutras zonas movimentadas da nossa cidade?

A compra e venda desses produtos enquadra-se no comércio ambulante, e entre os produtos disponíveis mais comuns, podemos referir os bolos e os rebuçados, os biscoitos, os tradicionais suspiros, os amendoins, os tremoços ou as pipocas.

Possuía uma espécie de armário, com várias divisórias, onde estavam colocados os produtos, mais concretamente os bolos, de forma a estarem protegidos. Este armário possuía várias portas, que eram abertas, para servir os clientes, com o auxílio de uma pinça para bolos.

Por cima deste armário, encontravam-se os frascos de rebuçados e caixas com vários doces, nomeadamente os tradicionais rebuçados de funcho ou os conhecidos rebuçados de cor branca e rosa, também comuns na venda ambulante nos arraiais. Quem não se lembra destes rebuçados, que se colavam aos dentes?

Este carrinho, quando cheio, ficava muito pesado, pelo que os vendedores, geralmente trajados de branco e com uma barreta, além de possuirem destreza e força (especialmente nos braços e pernas), tinham de distribuir o peso dos produtos, no seu interior, de modo a equilibrá-lo, quando em movimento, mantendo a sua estabilidade.

Fotografia "Venda Ambulante", MFM-AV, em depósito no ABM, JAP 383

Texto: Lídia Góes Ferreira | Museu Etnográfico da Madeira (MEM).