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Anil ou Índigo, também chamado de indigotina, é a cor entre o violeta e o azul. A origem do nome provém de uma espécie natural, a planta índigo, que é a fonte do corante anil, pela etimologia do árabe “annir” e do persa “nil” (índigo).
Os antigos extraíram esta tintura natural de diversas espécies de plantas e, até aproximadamente 1900, o anil natural era a única fonte da tintura. O anil sintético substituiu-o, depois, quase completamente e, hoje, quase todo o anil produzido é sintético.
Este corante fazia parte do quotidiano madeirense, sendo muito usado na tinturaria tradicional, mas também pelas bordadeiras e pelas lavadeiras e, por isso, comercializado nas antigas “vendas” (mercearias).
A cadeia operatória do bordado iniciava-se com a elaboração do desenho, a lápis, numa folha de papel vegetal, o qual era picotado, em toda a sua extensão, com uma agulha ou um alfinete. Depois, o desenho era estampado, ou seja, com auxílio de uma “boneca” (pano dobrado, onde colocavam o anil), embebida no petróleo, a bordadeira ia passando-a nos pequenos furos, em movimentos circulares, marcando, no tecido, o desenho a bordar.
Também nas chamadas “casas de bordado”, o desenhador elaborava os desenhos, em papel vegetal, os quais iam, depois, ao “picotador”, que servia para furar (picotar) o papel ao longo de todo o desenho, seguindo-se a operação de estampar, na qual usavam uma esponja com anil. A pasta usada para estampar os desenhos nos tecidos era, tradicionalmente, a combinação de anil, petróleo e uma mistura de cera.
Era, também comum, em todas as freguesias, as lavadeiras usarem o anil. O procedimento para a roupa branca exigia algumas especificidades, para mantê-la alva. Depois de ensaboada, era estendida sobre a erva limpa ou arbustos, ao sol, para corar, ou seja, para branquear pela ação do calor. Para além deste tratamento branqueador, era também usual mergulharem a roupa no anil, que lhe fornecia um tom azulado.
Esta embalagem de anil, de 50gr, com a inscrição “Azul Dibon - Triple Concentrado”, comercializado, no século XX pela Marca Nubiola & Filhos, Lda., sediada em Agualva, Cacém, Distrito de Lisboa, hoje, Nubiola-Produtos Químicos, S.a., faz parte do acervo do museu e encontra-se exposto no espaço expositivo dedicado ao Comércio Tradicional. Interessante a inscrição publicitária, no verso da embalagem: “Exija sempre o AZUL ULTRAMAR nos legítimos pacotes DIBON com os quais terá a máxima garantia de obter um resultado perfeito e económico”.
Texto: Lídia Góes Ferreira.
Fotografia: Florêncio Pereira.
Grafismo: Fernando Libano.

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