O Museu de Fotografia da Madeira - Atelier Vicente's assinala hoje o centenário da passagem pela Madeira do General Charles Mangin (1866-1925), oficial do exército francês que desempenhou importante papel na Primeira Grande Guerra. Iniciou a sua carreira militar na escola militar de Saint-Cyr, e comandou tropas em diferentes teatros de guerra das colónias francesas. Durante a Primeira Guerra Mundial, comandou tropas francesas e americanas em diferentes batalhas, com particular destaque para as de Verdum e de Marne, onde saiu vencedor. Devido às suas táticas agressivas, granjeou a alcunha "The Butcher" (O Carniceiro). Foi também conhecido pela criação da “La Force Noire”, que consistiu na incorporação, em larga escala, de soldados africanos no exército Francês. Após a vitória dos aliados, foi incumbido da tarefa de ocupar o território alemão da Renânia, tendo sido também nomeado membro do Supremo Concelho de Guerra francês e Inspetor da Força Colonial de França. Foi agraciado com todos os 5 graus da Ordre national de la Légion d'honneur (a mais alta condecoração francesa), com a Commendatore di prima classe dell'Ordine dei Santi Maurizio e Lazzaro (Itália), Distinguished Service Medal (EUA) e Companion of the Order of the Bath (UK), entre outras distinções de valor. Esteve na Madeira entre 26 e 28 de novembro de 1921, tendo chegado a bordo do cruzador francês “Jules Michelet”, em representação do seu governo nas cerimónias de homenagem e trasladação dos restos mortais dos 33 marinheiros franceses da canhoneira "Surprise". Esta embarcação afundou no porto do Funchal, após ser bombardeada pelo submarino alemão U-38, a 3 de dezembro de 1916, no decurso da Primeira Guerra Mundial. Foi recebido no cais da cidade pelas autoridades civis e militares madeirenses, onde foi mandado erguer em sua honra, um arco triunfal em buxo. Após uma breve passagem pelo Palácio de São Lourenço, o General Mangin seguiu para a Sé do Funchal, onde foi celebrada uma missa em memória dos marinheiros que tombaram na ilha. Seguiu-se um jantar no Palácio de São Lourenço, oferecido pelo Governador Civil do Funchal, e um almoço, no dia seguinte, no Restaurante “Esplanade” (Terreiro da Luta), num gesto do Comandante Militar da Madeira, que foi retribuído com um jantar a bordo do cruzador francês. A 28 de novembro de 1921, ocorreram as cerimónias de trasladação dos corpos dos marinheiros franceses, que foram saudados ao longo do cortejo fúnebre, que se iniciou no cemitério de Nossa Senhora das Angústias (atual Parque de Santa Catarina) com destino ao Porto do Funchal, onde se encontrava o cruzador “Jules Michelet”, que partiu com as urnas nesse mesmo dia.