O Museu de Fotografia da Madeira - Atelier Vicente's apresenta uma nova rubrica mensal, que resulta da constante busca no vasto arquivo da Photographia Vicente, de retratos captados nesse estúdio onde figurem personalidades cuja vida e obra sejam significativos para a nossa região. Hoje começa com um dos grandes vultos da nossa história, o major João dos Reis Gomes.
João dos Reis Gomes (n. S. Pedro, Funchal, 5/01/1869 e f. Funchal, 21/01/1950) foi um notável escritor, jornalista, professor, dramaturgo, crítico de arte e oficial do exército. Frequentou a Escola Superior Politécnica do Exército e atingiu o posto de major.
Como jornalista, dirigiu o “Heraldo da Madeira” (1904-1915) e o “Diário da Madeira” (1916-1940), tendo ainda colaborado com outros periódicos nacionais, entre os quais “O Dia” (1887-1941); “O Século” (1880-1977) e “Serões: revista mensal ilustrada” (1901-1911).
Foi membro de diversas academias, entre as quais a Academia de Ciências de Lisboa e a Federação das Academias de Letras do Brasil.
Defensor da autonomia e do regionalismo, envolveu-se em diversos projetos que elevavam a identidade madeirense, particularmente com a sua participação na Comissão de Estudo para as Bases da Autonomia da Madeira e na celebração dos 500 anos da Madeira (1922-1923).
No âmbito da comemoração do Quincentenário da Madeira, voltou a levar à cena o seu drama histórico “Guiomar Teixeira”, que havia estreado em 1913, numa espécie de chamada de atenção para a situação política da região, sendo que o próprio Reis Gomes foi um dos principais atores, no papel de Cristóvão Colombo.
A sua produção literária foi multifacetada, e tocou diferentes géneros, tendo publicado: O Theatro e o Actor (1905); Histórias Simples (1907); A Filha de Tristão das Damas (1909); Guiomar Teixeira (1914); A Música e o Teatro (1919); Forças Psíquicas (1925); O Belo Natural e Artístico (1928); Figuras de Teatro (1928); Através da França, Suíça e Itália – Diário de Viagem (1929); Três Capitais de Espanha: Burgos, Toledo, Sevilha (1931); O Anel do Imperador (1934); Natais (1935); O Vinho da Madeira (1937); Casas Madeirenses (1937); O Cavaleiro de Santa Catarina (1941); De Bom Humor… (1942); A Lenda de Loreley – Contada por um Latino (1948); Através da Alemanha – Notas de Viagem (1949) e Viagens (2020).
A cidade mantém a sua memória, com um busto seu, que se encontra no Jardim Municipal do Funchal e atribuindo o seu nome a uma rua na freguesia de São Pedro.
