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Em 1946 abriu portas a Academia de Música da Madeira, uma instituição que trouxe definitivamente para a Madeira o ensino artístico, alicerçado em notáveis professores e concertistas, a maioria pertencente ao Quadro do Conservatório Nacional de Lisboa. Estavam matriculados 228 alunos divididos por dois turnos, que se apresentaram na Avenida Arriaga nº13, a sede da escola, um edifício com anexos que se estendia à vizinha Rua do Conselheiro (as alunas entravam pela porta principal da Academia que ficava voltada para a Avenida Arriaga e os alunos por uma porta do lado oposto ao edifício, na Rua do Conselheiro). O prédio fora cedido pela Firma Blandy Brothers & Cª. Lda. Com um alvará provisório, passado pelo Ministro da Educação Nacional, foi permitido abrir a nova escola a partir de 29 de outubro de 1946. Uma cerimónia de abertura oficial foi então idealizada. Esta realizou-se no dia 13 de Novembro de 1946 com a presença de muitos ilustres da sociedade funchalense. O Diário de Notícias da Madeira deu cobertura ao evento reproduzindo entre outros, o discurso de William Clode, um dos membros fundadores e do recém-empossado Diretor, Maestro Paulo Manso.
Em 1949, três anos depois da fundação da Academia de Música da Madeira, os exames foram oficializados pelo Ministério da Educação Nacional através do Decreto-Lei 37.454, permitindo aos alunos madeirenses o desenvolvimento de todo o seu percurso académico no Funchal (o equivalente ao Curso Geral do Conservatório de Lisboa) sem terem de se deslocar à capital para os exames finais. «Quer dizer: doravante os alunos da Academia de Música da Madeira já não têm necessidade de se deslocar para prestar provas no Conservatório Nacional. Os exames passam a ser feitos no Funchal perante professores do Conservatório (Lisboa) e terão inteira equivalência aos da escola oficial de Lisboa.» (…) «Os alunos da Academia podem completar nela o Curso Geral do Conservatório de Lisboa. Apenas aqueles que queiram diplomar-se no Curso Superior é que terão de prestar provas na capital. (…) E um dia, que certamente não virá longe, a Academia de Música da Madeira será tornada oficial: nessa altura os exames realizar-se-ão perante o seu próprio corpo docente, sem a intervenção dos professores de Lisboa.» (In Diário de Notícias da Madeira de 9 Julho 1949)
Fruto da iniciativa da Sociedade de Concertos da Madeira, a Academia de Música contou com o apoio da Junta Geral do Distrito Autónomo do Funchal, na pessoa do seu Presidente Dr. João Abel de Freitas. Esse apoio para além de financeiro, foi público e ativo, motivando de igual modo a sociedade madeirense neste novo desafio e desígnio: a abertura, desenvolvimento e consolidação de uma escola de música de alto nível artístico. Álvaro Reis Gomes, escreveu a propósito da nova escola de música da Madeira o seguinte: «Todos entendem que já não se pode passar sem ensino musical acessível a ricos, remediados e pobres, que fomente as vocações e as ampare, quando realmente existam, de modo a elevar-se o nível artístico da Ilha da Madeira, berço de notáveis artistas musicais como Luís de Freitas Branco, compositor de arte e professor do Conservatório de Lisboa e seu primo Pedro de Freitas Branco, célebre regente de orquestra de renome mundial…» (…) «O Estado não dirige, nem orienta, nem financia aquele estabelecimento de ensino, mas tem o direito de o fiscalizar e de nomear presidentes para os júris respetivos, desde que reconhece aos seus exames a validade pedida e a necessária equivalência aos das escolas oficiais de Lisboa e Porto. A Academia da Madeira é mantida pela Sociedade de Concertos – a cujo Conselho Diretivo preside o próprio Presidente da Junta Geral – e dirigem-na sob o aspeto administrativo, os Srs. Dr. William Clode, Eng. Luiz Clode e Coronel Santos Pereira, tendo já feito parte dessa comissão o jornalista Alberto Veiga Pestana, todos grandes entusiastas pelo progresso artístico da sua ilha.» (In Diário de Notícias da Madeira 7 de Setembro de 1949)
O Diário de Notícias da Madeira deu a conhecer também os professores titulares e os instrumentos que os estudantes podiam aprender, mencionando ainda o restante currículo da escola: «As matérias que se ensinam nesse estabelecimento consistem nas seguintes, tendo como professores entidades a seguir mencionadas: violino: o seu diretor artístico, Pedro Lamy da Costa Reis; piano: D. Maria Campina e D. Lizetta Zarone D’Arco Vieira; canto: D. Wera da Cunha Teles; Violoncelo e contrabaixo: Ramon Miraval; solfejo e harmonia: Capitão Gustavo coelho; solfejo e História da Música: Bertini Fevereiro. Noutras disciplinas, que têm um papel principal na formação do espírito dos educandos, desempenham igualmente as funções de professores: Português, Geografia e História: Dr. Carlos Nicolau da Mata; Inglês: D. Gewenlian Cunha Jones; Francês: Joseph Manessiez.» (In Diário de Notícias da Madeira de 5 de Outubro de 1949)
Todas as disciplinas tiveram o seu início no ano letivo de 1946, com a exceção do violoncelo que, desenvolveria a sua efetiva expressão em classe de aprendizagem, a partir de 1948. Sendo uma instituição particular, as propinas eram suportadas pelos alunos e respetivas famílias. No entanto, foi atribuída uma quota de 10% a alunos, comprovadamente pobres, que podiam frequentar a Academia de Música da Madeira de forma gratuita.
Pesquisa e texto: @Vitor Sérgio Sardinha
academiademusicadamadeira
 
 
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