Amália Rodrigues protagonizou várias temporadas de Fado no Café Luso entre 1947 e 1950. Seria por esta altura, e no mesmo espaço, que Maximiano de Sousa a conheceu, ela que já era uma estrela no mundo artístico português. Em 1948, o reconhecimento de Max, neste género musical, teve também o Café Luso como ponto de partida. A sua interpretação do Fado Mayer (Não Digas Mal Dela) de Linhares Barbosa e Armandinho valeu-lhe a admiração dos mais entendidos, entre eles Alfredo Marceneiro, aproximando-o de tantos outros intérpretes e músicos desta área musical. Um segundo momento de convívio entre Amália e Max foi na inauguração do Casino Estoril em 1949. O Conjunto de Tony Amaral, com o cantor e entertainer Max, eram a orquestra residente do Casino e Amália Rodrigues a artista convidada. Um vínculo contratual, no que diz respeito à edição discográfica, ligava desde 1949 Max à Editora Valentim de Carvalho. Amália Rodrigues assinaria contrato com a referida editora a partir de 1952. Max, entretanto, crescera como artista, a solo, aparecendo nas capas das revistas e protagonizando uma estreia no teatro, pela mão de Eugénio Salvador, tornando-se uma referência nacional após «Sais Curtas» e «Cala o Bico», verdadeiro fenómeno de bilheteira e sucesso. Os dois artistas, Amália e Max, foram então convidados para um projeto de Fado, mais propriamente um LP (Long Play) o formato mais alargado na edição musical da altura. O acordo seria estabelecido entre a Valentim de Carvalho, representante legal dos fadistas e a Odeon, editora brasileira. A ideia era gravar um disco de fado, com oito temas (o espaço disponível ao tempo no registo sonoro, quatro temas cantados por Amália e outros quatro interpretados por Max). A Fadista portuguesa foi acompanhada pelos seus músicos, Raul Nery e Santos Moreira e o madeirense Max por uma orquestra, constituída para o efeito, com arranjos e direção de orquestra de Lindolfo Gaya. A editora brasileira Odeon lançaria o disco em exclusividade no Brasil, existindo a possibilidade de futuros contratos de edição noutros países. Coube também a quem editou o disco escolher o arranjista. Lindolfo Gaya, compositor, arranjista e maestro brasileiro trabalhou a maior parte da sua vida entre duas cidades: Rio de Janeiro e Paris. Conhecido pelo seu talento e profissionalismo faria uma escala em Lisboa para orquestrar os quatro temas cantados por Maximiano de Sousa. O disco foi gravado em 1954 e lançado no Brasil em 1955. O trabalho final foi uma verdadeira parceria musical entre todas as partes: cantores, músicos, arranjista e editoras, naquilo que acontecia, pela primeira vez, no género Fado. O repertório escolhido foi o seguinte: «Vielas de Alfama» - Max, «Fado Menor» - Amália Rodrigues, «Menina das Tranças Loiras» - Max, «Fado Eugénia da Câmara» - Amália Rodrigues, «A Micas das Violetas» - Max, «Há Festa na Mouraria» - Amália Rodrigues, «Maria Rapaz» - Max e «Fado Hilário - Amália Rodrigues». «Tarde Fadista» foi um disco único, raro, unindo também dois amigos incondicionais que estiveram sempre presentes, um para o outro, ao longo da sua vida.






