LogoCmadeira2020

LogoSRTC2020

PT EN

Amália Rodrigues protagonizou várias temporadas de Fado no Café Luso entre 1947 e 1950. Seria por esta altura, e no mesmo espaço, que Maximiano de Sousa a conheceu, ela que já era uma estrela no mundo artístico português. Em 1948, o reconhecimento de Max, neste género musical, teve também o Café Luso como ponto de partida. A sua interpretação do Fado Mayer (Não Digas Mal Dela) de Linhares Barbosa e Armandinho valeu-lhe a admiração dos mais entendidos, entre eles Alfredo Marceneiro, aproximando-o de tantos outros intérpretes e músicos desta área musical. Um segundo momento de convívio entre Amália e Max foi na inauguração do Casino Estoril em 1949. O Conjunto de Tony Amaral, com o cantor e entertainer Max, eram a orquestra residente do Casino e Amália Rodrigues a artista convidada. Um vínculo contratual, no que diz respeito à edição discográfica, ligava desde 1949 Max à Editora Valentim de Carvalho. Amália Rodrigues assinaria contrato com a referida editora a partir de 1952. Max, entretanto, crescera como artista, a solo, aparecendo nas capas das revistas e protagonizando uma estreia no teatro, pela mão de Eugénio Salvador, tornando-se uma referência nacional após «Sais Curtas» e «Cala o Bico», verdadeiro fenómeno de bilheteira e sucesso. Os dois artistas, Amália e Max, foram então convidados para um projeto de Fado, mais propriamente um LP (Long Play) o formato mais alargado na edição musical da altura. O acordo seria estabelecido entre a Valentim de Carvalho, representante legal dos fadistas e a Odeon, editora brasileira. A ideia era gravar um disco de fado, com oito temas (o espaço disponível ao tempo no registo sonoro, quatro temas cantados por Amália e outros quatro interpretados por Max). A Fadista portuguesa foi acompanhada pelos seus músicos, Raul Nery e Santos Moreira e o madeirense Max por uma orquestra, constituída para o efeito, com arranjos e direção de orquestra de Lindolfo Gaya. A editora brasileira Odeon lançaria o disco em exclusividade no Brasil, existindo a possibilidade de futuros contratos de edição noutros países. Coube também a quem editou o disco escolher o arranjista. Lindolfo Gaya, compositor, arranjista e maestro brasileiro trabalhou a maior parte da sua vida entre duas cidades: Rio de Janeiro e Paris. Conhecido pelo seu talento e profissionalismo faria uma escala em Lisboa para orquestrar os quatro temas cantados por Maximiano de Sousa. O disco foi gravado em 1954 e lançado no Brasil em 1955. O trabalho final foi uma verdadeira parceria musical entre todas as partes: cantores, músicos, arranjista e editoras, naquilo que acontecia, pela primeira vez, no género Fado. O repertório escolhido foi o seguinte: «Vielas de Alfama» - Max, «Fado Menor» - Amália Rodrigues, «Menina das Tranças Loiras» - Max, «Fado Eugénia da Câmara» - Amália Rodrigues, «A Micas das Violetas» - Max, «Há Festa na Mouraria» - Amália Rodrigues, «Maria Rapaz» - Max e «Fado Hilário - Amália Rodrigues». «Tarde Fadista» foi um disco único, raro, unindo também dois amigos incondicionais que estiveram sempre presentes, um para o outro, ao longo da sua vida.

Pesquisa e texto: @Vitor Sardinha
amalia1
Amália Rodrigues no Café Luso anos 40.
 
amaliaemax2
Amália Rodrigues & Max - Tarde fadista [LP 1955] - Selo lado 2.
 
lindolfo3
Lindolfo Gaya-maestro, arranjista e compositor brasileiro.
 
max4
Max no Café Luso.
 
maxeamalia5
Max novos dados Brinde com Amália Rodrigues no Porto em 25 de novembro de 1954.
 
contracapa6
Tarde Fadista. Contracapa 1955.
 
capa7
Tarde Fadista Capa 1955.
 

partitura8

Vielas de Alfama partitura maestro Lindolfo Gaya 1.
Este sítio utiliza cookies para facilitar a navegação e obter estatísticas de utilização. Pode consultar a nossa Política de Privacidade aqui.