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No arquipélago da Madeira a veneração a Nossa Senhora da Conceição é vivida intensamente, tendo sido edificadas igrejas, muitas capelas e altares em sua devoção, desde o século XV até ao século XX. Refira-se que o culto se intensificou no século XVII, após a restauração da independência de Portugal (1640), quando o rei D. João IV, em 1646, com a sua própria coroa, coroou Nossa Senhora da Conceição como Padroeira e Rainha de Portugal.
No arquipélago da Madeira, foi o pintor madeirense Luís Bernes (1865-1936) quem mais representou Nossa Senhora da Conceição nos tetos de igrejas e capelas, como podemos observar em cinco templos, nomeadamente na capela de Nossa Senhora da Conceição, em Câmara de Lobos (1908); na capela-mor da igreja de Nossa Senhora da Graça, no Estreito de Câmara de Lobos (1910); na igreja de Nossa Senhora da Luz, na Ponta do Sol (1917); na antiga igreja de São Lourenço, na Camacha (1921); e na igreja de São Brás, no Arco da Calheta (1929).
Luís Bernes, para executar as suas pinturas, baseou-se em gravuras/estampas ou mesmo já catálogos impressos das pinturas barrocas do pintor espanhol Bartolomé Esteban Murillo (1618–1682), autor de numerosas imagens da Imaculada Conceição. Bernes partiu, essencialmente, de três obras, todas expostas atualmente no Museu do Prado, em Madrid. As representações da igreja da Ponta do Sol, capela de N.ª Sr.ª da Conceição (Câmara de Lobos), e da igreja do Arco da Calheta seguem a “Imaculada de Aranjuez” (c. 1675) (Museu do Prado – P000974); a da igreja da Camacha segue a “Imaculada Conceição dos Veneráveis” (1660-1665) (Museu do Prado – P002809) e a da igreja do Estreito de Câmara de Lobos segue a “Imaculada Conceição do Escorial” (1660 – 1665) (Museu do Prado – P000972).
As representações da Imaculada Conceição emergem numa atmosfera de nuvens, com a Virgem representada com as mãos cruzadas ao peito ou justapostas, a olhar em direção ao Céu, cabelos longos, túnica branca e manto azul, e contém, junto aos pés, alguns atributos como o quarto crescente lunar, anjos meninos rodopiantes com um pano vermelho, açucenas, rosas e ramos de palma e oliveira. As representações de Luís Bernes são enquadradas em medalhões ovais ou retangulares e envoltas de pinturas ornamentais executadas por uma equipa de pintores decoradores, da qual fazia parte Cirilo Nunes, José Zeferino Nunes, Velosa, João Firmino Fernandes e José Joaquim Mendonça.
Luís Bernes representou ainda esta devoção na capela homónima, no sítio das Amoreiras, no Arco da Calheta (1923), encontrando-se na atualidade pintado de branco, e em 1923 ficou encarregado de pintar um quadro da Imaculada Conceição para o altar-mor da igreja do convento de Santa Clara, que havia sido destruído a 3 de dezembro de 1916, por um bombardeamento de um submarino alemão, durante a I Guerra Mundial, no entanto a pintura foi executada, em 1930, pelo pintor madeirense Alfredo Miguéis.
Texto: Paulo Ladeira / DRC
Legendas Fotos:
Imagens (Fotografias de DRC/ Roberto Pereira e DRC/ Paulo Ladeira
Legenda: Nossa Senhora da Conceição, Luís Bernes.
1 – 1908, teto da capela de N.ª Sr.ª da Conceição, Câmara de Lobos;
2 - 1917, teto da igreja de N.ª Sr.ª da Luz, Ponta do Sol;
3 – 1910, teto da capela-mor da igreja de N.ª Sr.ª da Graça, Estreito de Câmara de Lobos;
4 – 1921, teto da igreja de S. Lourenço, Camacha;
5 – 1929, teto da igreja de S. Brás, Arco da Calheta
pintorluisbernes
 
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