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A partir do século IV o Nascimento de Jesus é recriado, apenas no campo litúrgico, com a colocação de um Menino Jesus em pé sobre um altar. S. Bernardo (1090-1153), no séc. XII, incrementou a celebração do Natal como uma festa popular. Os franciscanos difundiram a cena do Natal com uma manjedoura, um boi e uma vaca, após a representação por S. Francisco de Assis (1182-1226).
Nos séculos XV e XVI surgiu a representação do Menino Jesus como Rei e, em Avignon (França), o cardeal Bérulle (1575-1629) introduziu a tradição de colocar, junto à imagem de Jesus, frutas e recipientes com cereais germinados, num gesto de solicitar a bênção e boas colheitas. Esta tradição espalhou-se pela Europa e mantém-se ainda hoje enraizada em alguns países do norte da Europa e em Portugal, nomeadamente no Alentejo e Algarve, com os presépios «em escadaria» e que foram também difundidos nos Açores, chamados de «altarinhos», e na Madeira, de “escadinha». Apesar de no séc. XVIII (1789), com a Revolução Francesa, ter-se rejeitado o Menino Jesus Rei dos tradicionais presépios e acrescentado variadas figuras, de diferentes estratos sociais e profissões, mantém-se até à atualidade a tipologia dos presépios em escadinha, apresentando a figura do Menino Jesus em pé ou, mais raramente, sentado sem o acompanhamento das figuras de Maria e de José.
Na Madeira é abundante a representação escultórica do Menino Jesus em pé, presente nas igrejas, capelas e casas particulares, a maioria com imagens dos séculos XIX e XX. Existem alguns exemplares dos séculos anteriores, os mais recuados de inícios do século XVI, provenientes das oficinas flamengas, de Malines, adquiridos na época áurea do açúcar ou mais recentemente no mercado de arte.
Na segunda metade do século XVII, na Madeira, seguindo a tendência nacional, iniciou-se a construção de retábulos com camarim ao centro e a colocação de um trono em escadaria destinado à exposição, no topo, nas festividades, do Santíssimo Sacramento, como podemos observar nos exemplares mais recuados, datados de cerca de 1665, das capelas-mores das igrejas de N.ª Sr.ª do Carmo, no Funchal, e de N.ª Sr.ª da Conceição, em Machico. A população deve ter replicado este esquema e os simples altares, com o Menino Jesus em pé ou sentado, passaram a ser compostos com um trono de três degraus, feito, na maior parte das vezes, com as estruturas disponíveis e improvisadas, por exemplo, com a colocação das caixas das medidas dos cereais, ou seja, um alqueire, uma quarta e uma maquia, obtendo assim um «Presépio em Escadinha» com o «Menino Jesus Entronado».

Texto: Paulo Ladeira / DRC.

meninojesus1«Menino Jesus»
Oficina de Malines
Inícios do séc. XVI
Escultura em madeira policromada e dourada
Museu de Arte Sacra do Funchal (MASF 383)
Foto publicada em ClODE, Luiza; PEREIRA, Fernando António Baptista, 1997, Museu de Arte Sacra do Funchal – Arte Flamenga, Lisboa, Edicarte, p. 145.

meninojesus2«Menino Jesus sentado no Trono»
Oficina portuguesa
Escultura em barro
Séc. XIX
Museu Quinta das Cruzes (MQC 394)
Foto: DRC / Paulo Ladeira.

meninojesus3«Menino Jesus, com vestido em Bordado Madeira»
Escultura em gesso
Séc. XX
Igreja de S. João Evangelista / Colégio
Foto: DRC / Paulo Ladeira.

meninojesus4«Menino Jesus»
Escultura em gesso
Meados do séc. XX
Coleção particular
Foto: DRC / Paulo Ladeira.

meninojesus5Alguns dos 100 «Meninos Jesus» na Exposição «Ó Meu Menino Jesus», da colecionadora Dulce Santos, patentes na Casa da Cultura de Câmara de Lobos - Dezembro 2020.
Foto: DRC / Paulo Ladeira.

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