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Até meados deste século, grande parte do vestuário e “bragal” (conjunto de roupa branca de uma casa) eram confecionadas com linho e lã, tecidos no tear caseiro, usualmente instalado numa das dependências da unidade doméstica: o quarto de dormir ou a cozinha.
A tecelagem era uma atividade exclusivamente feminina, sendo todo o processo de tratamento das fibras e preparação do fio realizado pelas mulheres.
Semeado, colhido e tratado pelos processos tradicionais, com os instrumentos introduzidos no arquipélago, pelos primeiros colonos, o linho era “ripado”, “curtido”, “maçado”, “gramado”, “tasquinhado”, “sedado” e só então fiado. A estas árduas operações de tratamento desta fibra dava-se, popularmente, o nome de “tormentos do linho”.
Fiado e tecido na unidade familiar, o linho constituía um bem, legado de geração em geração.
Tal como o linho, a lã também era objeto de um tratamento específico, antes da fiação, mas as tarefas que lhe estavam associadas possuíam um carácter mais simples e menos penoso. Após a tosquia das ovelhas, a lã era lavada e “cardada”.
Pode afirmar-se que estas duas matérias-primas tiveram um papel preponderante na confeção dos trajes e das roupas de uso doméstico, no arquipélago da Madeira. Com o linho e a “estopa” (parte mais grosseira do linho, ou seja, as fibras mais curtas e de pior qualidade), confecionavam-se camisas, blusas, toalhas ou lençóis e com a lã e a “seriguilha” (mistura de linho e lã) confecionavam-se saias, calças, casacos, “jalecos” (coletes), mantas e tapetes.
No entanto, a florestação dos baldios, a diminuição das áreas de pastagens disponíveis, as medidas restritivas à pastagem do gado na serra, o abandono da atividade agrícola, bem como o êxodo rural e a evolução tecnológica, com a consequente alteração dos hábitos de consumo, contribuíram, decisivamente, para a diminuição da utilização da lã e do linho como matéria-prima e a atividade de tecelagem foi se extinguindo.
Conceição Pereira e a sua irmã Teresa, são duas artífices que mantêm vivo este ofício tradicional. Foi no Sítio do Poiso, freguesia dos Canhas, concelho da Ponta do Sol, de onde são naturais, que aprenderam esta arte secular, que está no seio da sua família há quatro gerações. A mãe e a avó transmitiram-lhe todos os segredos deste ofício, tendo Conceição se iniciado nesta atividade com apenas cinco anos. Na sua residência mantém o antigo tear da sua mãe, no qual se dedica a esta atividade, nos tempos livres.
Os teares utilizados no arquipélago da Madeira eram, geralmente, do tipo do tear de pedal horizontal, possuindo dois ou quatro “liços”.
A fiação e a tecelagem, estiveram sempre presentes na sua vida. Além do linho e da lã, a artesã tece retalhos, com os quais confeciona os tradicionais tapetes e mantas.
Ao longo dos anos a artífice utilizou sempre estas três matérias-primas e confecionou diversos artefactos, nomeadamente saias, toalhas de linho, mantas, tapetes ou almofadas, utilizando as técnicas e os motivos tradicionais, transmitidos no seio familiar.
 
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