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Quem se lembra dos fotógrafos ambulantes, que exerciam o seu ofício, no Jardim Municipal do Funchal?
Sabia que o Fotógrafo “à la minute” é a expressão europeia utilizada para designar os fotógrafos ambulantes, que exerciam a sua atividade nos espaços públicos, como jardins, parques, praças ou feiras. Muito comuns nos espaços de lazer, estes profissionais permitiam imortalizar o momento, tornando os “retratos” menos formais, ou seja, em poses mais naturais e mais acessíveis.
Terão surgido nas primeiras décadas do século XX e tiveram um importante papel na popularização da fotografia, sendo procurados, na época, para registar momentos festivos e familiares ou mesmo para retratos individuais, para documentos. Alguns deles produziam postais para turistas.
A fotografia de ocasião, quotidiana, que hoje é prática recorrente das relações sociais e familiares, não acompanhou os primeiros processos fotográficos, os quais, pela sua complexidade técnica, que implicava conhecimentos prévios, não permitiram a imediata divulgação da prática fotográfica, pelo grande público.
Antes da existência dos fotógrafos “à la minute”, a fotografia e, nomeadamente os chamados” retratos”, feitos em estúdio, eram exclusivos das classes mais abastadas e revestiam-se de uma certa formalidade.
Estes fotógrafos ambulantes, geralmente amadores, utilizavam, como equipamento, uma máquina, popularmente conhecida como “máquina caixote”, revestida com couro, madeira ou metal. Tratava-se de uma espécie de câmara-laboratório portátil, que lhes permitia fotografar, revelar e entregar as fotografias aos clientes. As caixas das câmaras serviam, em alguns casos, de vitrine dos seus trabalhos, visto ali colocarem fotografias de antigos clientes. Autodidatas, eram muitas vezes eles próprios que consertavam os seus equipamentos e, por vezes, faziam pequenas invenções técnicas, para facilitar o seu trabalho ao ar livre.
Segundo consta, estes fotógrafos passavam o dedo, com saliva, na placa de vidro, para saber qual o lado da emulsão. Ou seja, para evitar o erro de colocar a chapa da forma errada, o que deixaria a imagem desfocada, costumavam molhar com saliva, a ponta do indicador e do polegar e fazer pressão com esses dois dedos sobre a superfície do material sensível, pois o lado que estivesse com a emulsão, causaria uma sensação de “colagem” no dedo. Esse gesto fez com que, no Brasil, ficassem conhecidos como "fotógrafos lambe-lambe".
Com a evolução tecnológica e as alterações na indústria da fotografia, nomeadamente a introdução, no mercado, de câmaras portáteis, nas últimas décadas do século XX, este ofício tradicional entra em decadência e os fotógrafos “à la minute” desaparecem do nosso quotidiano, permanecendo apenas na memória.
Fotografia: Fotógrafo no Jardim Municipal do Funchal, Créditos/Fonte: Duarte Pedro Dias Gomes, In: Madeira Quase esquecida
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