Quinta Magnólia foi mandada construir na primeira metade do séc. XIX por J. Howard March, um abastado comerciante do Funchal. Embora alegasse ser inglês, March, parece ter nascido nos EUA, e ocasionalmente exercia as funções de cônsul americano. Grande filantropo e benfeitor, contribuiu generosamente para várias empresas públicas, escolas e instituições de caridade e, apesar de ser protestante, foi fundamental na reconstrução da Igreja no Santo da Serra e do seu grande pátio. Para além de actos de caridade, contribuiu com donativos para os necessitados.
Durante a sua estadia na Quinta Magnólia dedica-se ao seu hobby: cria os jardins e cultiva as muitas plantas exóticas que havia colecionado tão assiduamente ao longo dos anos. Em 1851 a quinta é adquirida pelo inglês Herbert Watney, que estendeu a propriedade até ao Ribeiro Seco e contratou um jardineiro paisagista para aperfeiçoar e enriquecer a qualidade dos jardins com plantas exóticas. Contratou um jardineiro paisagista Inglês para melhorar a qualidade dos jardins, acrescentando em muito a coleção já considerável de plantas, e como resultado, a Quinta Magnólia hoje possui alguns das melhores palmeiras, cicas e cactos do Funchal. Os seus sete acres e meio de belos jardins contêm árvores do Extremo Oriente, México e Brasil, e dos EUA e da África.
A Magnólia grandiflora, com o seu indescritível aroma a limão dá o seu nome à quinta, e está localizado em junto do portão, ladeada por dois eucaliptos gigantes. Além do cedro japonês e outras árvores, grades entrelaçadas com glicínias, que levavam à entrada sul do clubhouse. Outros caminhos se ramificam através das árvores e canteiros de flores na direção aos campos de ténis e croquet. Havia um campo de golfe de 18 buracos.
Os relvados, a dois níveis diferentes, estendem-se até onde os olhos podem ver. Toda a paisagem é uma homenagem ao trabalho inspirado de um horticultor talentoso que dedicou seu tempo e energia para criar algo de grande beleza, um jardim que vai não só melhorar o ambiente e proporcionar às gerações vindouras os meios para compreendê-lo.
Em Abril de 1931 o filho do Dr. Watney Martin vendeu a propriedade, que, na altura tinha uma área de aproximadamente 33.200 m2. Os contornos da propriedade mudaram quando a Quinta Magnólia deixou de ser uma residência privada, e se tornou no British Country Club (Clube inglês), em Agosto de 1931. Não é totalmente clara em que fase da sua história passa para a posse de Edmund Leacook . O que se sabe é que serviu como um clube durante a guerra de 39 -45 quando o Major Reginald G. A. Lloyd se tornou seu Secretário.
Seguiu-se o Sr. Ernest V. Boddis, um engenheiro da Madeira Electric Light Company, que desempenhou as funções de Secretário durante muitos anos. A última pessoa a ocupar o cargo foi Peta Leacock Oliveira. Desde o tempo do major Lloyd, até a década de 1970, o clube revelou-se um ponto de encontro para a Comunidade Britânica e seus amigos portugueses.
O club house , um edifício creme de dois andares, pisos de madeira e corrimão a toda a volta, distingue-se pela suas varandas duplas no lado leste. O gabinete do secretário e outros quartos estavam localizados no andar de cima, enquanto em baixo, de um lado, biblioteca, bilhar, ténis de mesa e sala de cartas; do outro, a sala de estar, com poltronas confortáveis e uma mesa cheia de jornais e revistas inglesas. As janelas dão para a varanda, pátio, relvados e jardins. O clube abria todos os dias das 08h00 às 20:30; chá e café eram servidos no salão, no terraço ou no jardim. No relvado onde se jogava croquet, foi construída uma piscina em 1969.
A configuração do jardim mudou novamente quando, em 1980, Quinta Magnólia foi adquirida pelo Governo Regional e aberta como um parque público. Os arbustos e bosques perto do ribeiro foram desmatados para dar lugar a dois novos campos de ténis e de squash. Parte do relvado ocupado por escorregas e baloiços para as crianças. Aviários com periquitos, faisões, gansos e pavões azuis exóticos foram introduzidos e instalada uma pequena British School, com uma educação de estilo britânico de tempo integral para crianças portugueses e estrangeiras.
Em 1983 o clube foi transformado na Escola de Gestão Hoteleira, obras da autoria do arquiteto Francisco Caires, ao adaptar o antigo edifício para a sua nova função, tendo em conta a necessidade de salas de aula, preparação de alimentos etc. O salão foi transformado em restaurante e o antigo bar com painéis foi completamente remodelado. Funcionando com aulas práticas para os alunos, com serviço de almoços e chá. Em 1990 a Escola de Hotelaria foi transferida para outro lugar.
A Protecção Civil também teve sede esta Quinta.
A biblioteca existente passou por uma mudança radical passando para a tutela da Direcção Regional dos Assuntos Culturais, hoje biblioteca de culturas estrangeiras trasladada para o ABM. O museu de Arte contemporânea foi instalado provisoriamente na Quinta Magnólia até 1992, quando a colecção de Arte Contemporânea transita para a Fortaleza de São Tiago, presentemente no Mudas – Museu de Arte Contemporanea, na Calheta.
Reabre ao público, após aturadas obras de requalificação, em Julho de 2019.
Texto: @Ana Teresa Klut
Créditos: Quinta Magnolia Centro Cultural