Jogo maioritariamente de rapazes, não era, contudo, restrito ao sexo masculino. Trata-se de uma brincadeira muito simples, que tem como objetivo puxar uma corda, enrolada a um objeto afunilado, geralmente de madeira, e com uma ponta de ferro (o pião) colocando-o em rotação no solo, mantendo-o erguido. Os piões eram construídos pelos artesãos, com madeiras "duras", resistentes, de modo a suportar as pancadas, a que estavam sujeitos, durante o jogo.
A corda (“barbante”, “baraça” ou “guita”), transmite a força motriz dos braços, fazendo girar o pião, em movimentos circulares, em torno do próprio eixo, o qual, em equilíbrio, e devido à inércia, mantém-se a girar, até perder força e parar.
O jogo, basicamente, funciona desta forma: antes de se atirar o pião, o cordel deve ser bem enrolado à volta do objeto, desde a ponta até o meio, sem folgas, deixando uma parte do fio, para enrolar na mão.
Para o lançar, segura-se o cordel pela ponta solta e desenrola-se o fio, com um forte impulso, puxando-o para trás, de modo a fazê-lo girar.
Era comum jogarem “à roda” ou “raia grande”, desenhando-se, para esse feito, um grande círculo, no chão, para o interior do qual deveriam projetar o pião, tentando derrubar os restantes, fazendo-os sair do círculo.
Como em todos os jogos e brincadeiras, o “jogar ao pião” tinha, no entanto, várias regras, nomeadamente uma ordem para começar ou um número estipulado de lançamentos e os mais conhecedores possuíam truques e artimanhas, de modo a dominá-lo de forma exímia.
O pião podia, por exemplo, ser “aparado”, ou seja, era apanhado do chão, enquanto girava e mantinham-no, durante um tempo, a girar na mão. Depois de o fazerem “dançar” na mão, podiam voltar a lançá-lo, tentando “picar” os outros e empurrá-los para fora do círculo.
Créditos: Museu Etnográfico da Madeira
FOTOGRAFIA: Jogo do pião, MFM-AV/INV.JPC/45, em depósito no ABM