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Embora a origem do pião seja incerta, há conhecimento da sua existência desde 4000 a.C., tendo sido encontrados alguns artefactos, construídos em argila, nas margens do Rio Eufrates.
Além da sua função lúdica, esteve, em tempos remotos, ligado a rituais de adivinhação e presságios, sendo usado, por exemplo, em certas épocas do ano, para recriar o movimento dos astros.
Há referências a este brinquedo nas civilizações gregas e romanas e manteve-se, ao longo dos séculos, em diferentes culturas. Terá sido introduzido na cultura ocidental, pelas culturas do Oriente, nomeadamente China e Japão, países onde “lançar o pião” é quase uma arte, promovendo-se, inclusivamente, espetáculos em torno desta atividade.
No nosso país, o pião utilizado com uma função lúdica tem, também, uma origem secular, aparecendo muitas referências a este brinquedo, quer iconográficas, quer literárias.
Para andar lhe pus a capa
E tirei-lha para andar,
Que ele sem capa não anda,
Nem com ela pode andar,
Com capa não dança,
Sem capa não pode dançar;
Para dançar se bota a capa,
Tira-se a capa para dançar.
(Teófilo Braga, in "Eras Novas", "As Adivinhas Portuguesas", p. 254)

Jogo maioritariamente de rapazes, não era, contudo, restrito ao sexo masculino. Trata-se de uma brincadeira muito simples, que tem como objetivo puxar uma corda, enrolada a um objeto afunilado, geralmente de madeira, e com uma ponta de ferro (o pião) colocando-o em rotação no solo, mantendo-o erguido. Os piões eram construídos pelos artesãos, com madeiras "duras", resistentes, de modo a suportar as pancadas, a que estavam sujeitos, durante o jogo.
A corda (“barbante”, “baraça” ou “guita”), transmite a força motriz dos braços, fazendo girar o pião, em movimentos circulares, em torno do próprio eixo, o qual, em equilíbrio, e devido à inércia, mantém-se a girar, até perder força e parar.
O jogo, basicamente, funciona desta forma: antes de se atirar o pião, o cordel deve ser bem enrolado à volta do objeto, desde a ponta até o meio, sem folgas, deixando uma parte do fio, para enrolar na mão.
Para o lançar, segura-se o cordel pela ponta solta e desenrola-se o fio, com um forte impulso, puxando-o para trás, de modo a fazê-lo girar.
Era comum jogarem “à roda” ou “raia grande”, desenhando-se, para esse feito, um grande círculo, no chão, para o interior do qual deveriam projetar o pião, tentando derrubar os restantes, fazendo-os sair do círculo.
Como em todos os jogos e brincadeiras, o “jogar ao pião” tinha, no entanto, várias regras, nomeadamente uma ordem para começar ou um número estipulado de lançamentos e os mais conhecedores possuíam truques e artimanhas, de modo a dominá-lo de forma exímia.
O pião podia, por exemplo, ser “aparado”, ou seja, era apanhado do chão, enquanto girava e mantinham-no, durante um tempo, a girar na mão. Depois de o fazerem “dançar” na mão, podiam voltar a lançá-lo, tentando “picar” os outros e empurrá-los para fora do círculo.
Créditos: Museu Etnográfico da Madeira 
FOTOGRAFIA: Jogo do pião, MFM-AV/INV.JPC/45, em depósito no ABM

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