Sabia que este jogo parece remontar à invasão romana da Grã-Bretanha, quando o exército conquistador terá fundido as suas celebrações, com os tradicionais festivais celtas. Durante uma celebração anual, os jovens solteiros tentavam morder uma maçã, que flutuava na água ou que estava pendurada por um cordão (esta variante, também era, antigamente, entre nós, uma brincadeira usual). A primeira pessoa a morder a maçã, seria a próxima a ter permissão para casar. As maçãs, naqueles rituais, estavam associadas à fertilidade e abundância.
Existem também referências, deste ritual da maçã, pendurada num cordel, na Irlanda.
O jogo, conhecido, em inglês, por “apple bobing”, apelidado na Escócia de “dooking” e no Norte de Inglaterra de “apple ducking” ou “duck-apple”, parece ter sido introduzido entre nós, provavelmente pelos ingleses, em moldes semelhantes.
Atualmente, este jogo é frequente em Inglaterra e nos E.U.A., por altura da comemoração do Halloween. Entre nós, era jogado não só entre crianças, usualmente nos aniversários, mas também entre os adultos, associado a “gincanas”, como parece ser o caso da imagem.
Enchia-se uma pequena banheira, com o auxílio de um jarro de água e que a água, ficava a boiar na superfície.
Os jogadores, com as mãos atrás das costas, tinham de apanhá-las, apenas com o auxílio dos dentes. Por vezes, entre as crianças, as maçãs eram substituídas por rebuçados e, após a pesca do rebuçado no fundo da banheira, seguia-se a pesca de outro rebuçado, numa banheira com farinha, ficando o rosto totalmente coberto com farinha, que, com a mistura de água, colava-se à face, provocando o riso entre a pequenada.
TEXTO: Lídia Góes Ferreira, Museu Etnográfico da Madeira
FOTOGRAFIA: Jogos tradicionais, Camacha, julho, 1965, Manuel Gonçalves Rosado. Fotografia cedida ao MEM pela família do autor.
