O Eng. Santos Simões adianta que eram pintados por crianças nas oficinas especializadas. Esclarece naturalmente que não eram as crianças que criavam os desenhos, apenas o pintavam, ou seja, preenchiam o fantasma do desenho, marcado a pó de carvão e passado através de um papel vegetal picotado. Os desenhos nunca eram exatamente iguais, todos mostravam pequenas diferenças características da pintura manual realizada por diferentes executantes.
Os azulejos de figura avulsa apresentavam um motivo central e cantos com ou sem decoração, a partir do século 18 são pintados a azul sobre branco. Os temas mais comuns eram: casas, torres, moinhos, cestos com flores, frutos, animais (cães, gatos, coelhos, pássaros, patos, peixes) embarcações e paisagens. Mais raros são as damas de leque, fumadores de cachimbo, espadachins, figuras chinesas e frades. No início do século 18 surge no Porto um modelo com cabeças humanas de perfil e flor na boca, que preenchia a totalidade da superfície do azulejo sem decoração nos cantos, e em Coimbra surgem figuras anedóticas. Mas o desenho que mais se difunde são os motivos florais. Os cantos mais comuns eram a flor-de-lis e o aranhiço, que se simplificou e se transformou nas “estrelinhas”, populares na época de D. João V. Na primeira metade do século 19, na fábrica de Miragaia, foram produzidos azulejos de figura avulsa que associavam a pintura manual e a estampilha; com carácter mais caricatural e político, mostravam os tipos populares do período liberal.
Nos anos 30 de século 20 esta temática foi recuperada e reinterpretada pelos artistas modernistas, que criam as alegres lambrilhas (azulejos de menores dimensões) de coloridos motivos populares.
A Casa-Museu Frederico de Freitas possuí variados exemplos desta tipologia em exposição na Casa dos Azulejos.
Créditos: Casa-Museu Frederico de Freitas.