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No âmbito do projeto desenvolvido no Museu Etnográfico da Madeira - MEM e do qual resultou uma exposição temporária e a edição, em 2024, do livro “Arribar - Artes de cura e proteção”, o museu partilha, mensalmente, nas suas páginas das Redes Sociais, uma rubrica, sobre a medicina popular. Este mês o MEM partilha a oração de “curar de aberto”.
Devido ao isolamento das populações e a falta de cuidados médicos, era comum o povo recorrer às curandeiras para a cura de males, tanto físicos como espirituais. Nestes tratamentos, utilizavam plantas, que possuíam propriedades medicinais, massagens, ventosas, mas também rezas, esconjuros e benzeduras, nos quais se invocava a intervenção divina. 
O "mal de aberto" tanto pode ser uma entorse, um músculo dolorido, ou mesmo uma fratura óssea, que dificulta os movimentos.
“A curandeira embrulha, num pano, uma tesoura e um pente. Com uma agulha e linha, simula coser no pano, fazendo o sinal da cruz sobre a parte doente, enquanto diz, nove vezes, a seguinte oração: 
Curandeira: O que coso? 
Doente: Carne quebrada, aberta, torcida, desmentida, desconjuntada ou apartada. 
Curandeira: Mesmo isso aqui eu coso com o nome de Deus, da Virgem Maria e das três pessoas da Santíssima Trindade que Deus te cure e Deus te sare e Deus te valha a tua necessidade. 
Como coso deste belo em vão soldes com o nome de São João. 
Como coso deste belo em fofo soldes a carne com o osso. 
Como coso deste belo em cruz soldes com o nome de Jesus 
Esta oração é repetida nove dias”

Informante: Fernanda Rodrigues Silva, Universidade Sénior, Ribeira Brava, 2021.

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