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Rubrica mensal do Museu Etnográfico da Madeira. 
O “bucho” é o mau funcionamento do intestino, por efeito de um torsão ou uma contração espasmódica do intestino, causando cólicas abdominais. Era um mal que afetava especialmente as crianças que, nas suas brincadeiras, andavam sempre a correr e a saltar. Manifestava‑se de várias formas: falta de apetite, febre, falta de energia, vómitos ou dores de barriga e era costume ser tratado, popularmente, por uma curandeira.
Deitava‑se a criança em cima da cama, untavam‑se as mãos com azeite e dava‑se início à massagem, elaborada na "boca do estômago", ao mesmo tempo que repetiam três vezes, a seguinte reza:
“Bucho virado, vai ao teu lugar
A Virgem Maria te manda curar
Eu que te curo, e Deus que te sare
Onde eu ponho as minhas mãos
Ponha a Virgem Nossa Senhora e a sua santidade
Bucho virado, vai ao teu lugar
A Virgem Maria te manda curar
E Deus que te cure, e Deus que te sare
Que o teu estômago fique bom
E vá para o seu lugar”.

As curas são sempre feitas em número ímpar pois, de contrário, como diz o povo, “tornará a voltar o bucho”.
Depois, aplicavam no paciente, duas folhas de couve, aquecidas ao fogo e untadas de azeite ou banha, uma no ventre e outra na região oposta, em geral um pouco acima do cóccix, presa com a ajuda de uma toalha de linho, em forma de cinta apertada. Ao fim de vinte e quatro horas, se estivessem secas, constatava-se que o doente sofria de “bucho encostado” ou, caso se mantivessem verdes, concluíam que não padecia deste mal.
Informante: Maria Agostinha, Campanário, Ribeira Brava, 2016.
 
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