LogoCmadeira2020

SRETC2024

PT EN
O “mau‑olhado” é um mal atribuído às pessoas ou aos animais, transmitido pela inveja, com ou sem intenção. A inveja feminina é considerada mais poderosa. O homem possui poder de proteção, face ao “mau olhado” e coisas ruins, especialmente os que possuem uma cruz de cabelo no peito. São inúmeras as orações para sarar a pessoa atacada deste mal, cura que pode ser feita presencialmente ou através de um cabelo, pêlo ou roupa transpirada.
A curandeira verifica se a doença tem uma origem maligna. Para tal, num copo ou chávena com água, deita uma gota de azeite. Se este espalhar, a pessoa tem o mal e, então, a curandeira profere uma oração, com galhos de alecrim, sobrepostos em cruz, fazendo o sinal da cruz à medida que vai dizendo:
"Assim te curo em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (nome da pessoa) se tens olhado atravessado, praguejado ou mal desejado.
Se te deram no comer, no beber, no vestir, no calçar, no teu trabalho, no teu dinheiro, na tua casa, na tua família e em tudo o que te pertence.
E deitar no perigo do mar, onde não haja galo nem galinha a cantar.
Em nome de Deus e de São Silvestre por onde este mal entrou, por lá saia. Em louvor de Deus e de São Gomes por este mal que entrou, por lá torne.
Casa agada e varrida sobre a poeira, por onde este mal entrou por lá saia.
Dois deram três que são o Pai, o Filho e o Espírito Santo".
Esta reza é dita três, cinco ou nove vezes ou até o azeite não se espalhar. Se a pessoa tem “mau‑olhado”, a que cura é acometida de má disposição, bocejos e náuseas.
A água e o azeite costumam ser lançados à rua e pela primeira pessoa que a pisar se conhece logo o sexo de quem lançou o “mau olhado”.
Se a cura for feita na casa do doente, depois de rezar a oração, pode‑se colocar sal grosso nos cantos da casa e fazer uma cruz à entrada da porta.
 
Créditos: Museu Etnográfico da Madeira
Texto: César Ferreira
Informante da oração: Ermelinda Silva Ascensão de Macedo, Universidade Sénior da Ribeira Brava, 2022
Fotografia: Florêncio Pereira.
Grafismo: Fernando Libano.
 
medicinapopular20OUT.2025.jpg
 
 
 
Este sítio utiliza cookies para facilitar a navegação e obter estatísticas de utilização. Pode consultar a nossa Política de Privacidade aqui.