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Foi inaugurada a 1 de julho, «Dia da Região Autónoma da Madeira e das Comunidades Madeirenses», no presente ano de 2020. É seu autor o escultor madeirense Amândio de Sousa (Funchal, 1934). 
É uma peça executada em aço pintado. Mede 6 metros de altura por 2,40 metros de diâmetro e pesa 5,8 toneladas. O projeto foi coordenado pela empresa «Massa Cinzenta» (arquiteto Duarte Caldeira). Encontra-se colocada na Rotunda Bernard Harvey Foster (Funchal).Trata-se de uma encomenda para a «Comemoração dos 600 Anos da Descoberta do Arquipélago da Madeira» enquadrada no programa do XIII Governo da Região Autónoma da Madeira, que explicita a defesa «da criatividade, da investigação, do empreendedorismo, da promoção e da divulgação (…) [e] do potencial criativo e do seu património cultural». 
A encomenda ao escultor Amândio de Sousa é um engrandecimento público ao artista e à sua obra. O escultor Amândio de Sousa é uma personalidade incontornável e figura de referência máxima no campo das artes plásticas, especialmente na área da escultura contemporânea (em vulto redondo ou relevo; medalhística e troféu; design e mobiliário), tendo explorado diversos materiais (barro, grés, gesso, pedra, fibra de vidro e betão).Na «Escultura Comemorativa dos 600 Anos da Descoberta do Arquipélago da Madeira» atesta-se que o escultor valorizou a depuração formal, veiculando um despojamento decorativo e enaltecendo o rigor geométrico, com jogos de ortogonalidades e obliquidades, e intersetando planos que facultam diversas leituras, consoante a posição do observador, exigindo um exercício do olhar: ver, observar, sentir, compreender. Ler / interpretar esta peça escultórica é ir além da forma, do volume e da cor. É entrar na peça. Compreendê-la e senti-la: descobrir os seus simbolismos e metáforas.Esta peça, ou «Árvore Metálica», é sublinhada pela verticalidade, fortemente implantada no solo (leia-se terra), que cresce e se ramifica (abre-se ao mundo, aos mundos), permitindo uma interpretação de expansão, carácter tão simbólico às viagens dos portugueses, a chegada ao arquipélago da Madeira e o início do seu povoamento.Esta «Árvore Metálica» permite olhar o mar, de onde chegaram «os homens [que] não sabiam nada do mar largo, porque navegavam ao longo das costas, temiam muito aquele negrume, afastavam-se desta rota e fabulavam grandes coisas desta escuridão (…) [mas foram] costeando a ilha ao longo do arvoredo, que em partes chegava ao mar (…)» (Jerónimo Dias Leite, c.1579).

Esta escultura é uma alusão à epopeia dos portugueses, das aventuras em busca de um mundo desconhecido, que implicou conhecimento, mas também medo, aventura, determinação, sofrimento, e sonho, tendo então o Arquipélago da Madeira grande importância na expansão atlântica, e o porto do Funchal uma referência à abertura ao mundo: aqui chegaram e daqui partiram homens de tantas nacionalidades, e ficou, felizmente, tanta memória em forma de Património Cultural.
A presente obra do escultor Amândio de Sousa reporta-se a uma escultura-comemorativa, que pela sua qualidade plástica e simbólica, perdurará no cenário desta capital atlântica evocando a epopeia dos Descobrimentos e a importância que o arquipélago representou nesse tempo histórico e o que representa ainda hoje na valorização deste destino turístico do ponto de vista da sua dimensão cultural, contribuindo para um novo sentir de quem aqui nasce, vive, habita, trabalha e depois de muitas vezes partir regressa, ou apenas está de passagem. É uma escultura-memória ao passado, perspectivando, sempre, um lugar no imaginário colectivo.
Amândio de Sousa formou-se na Escola de Belas Artes do Porto tendo sido seus professores dois grandes vultos da escultura portuguesa: Barata Feyo (1899-1990) e Lagoa Henriques (1923-2009). Relacionou-se com artistas que marcaram a vanguarda artística portuguesa, a partir da década de 60, do século XX, como os pintores Ângelo de Sousa (1938-2011), Armando Alves (1935-), Jorge Pinheiro (1931-) e o escultor José Rodrigues (1936-2016). Na Madeira desempenhou funções ligadas à cultura, como Assessor para os Assuntos Culturais (1976-1978), tendo elaborado o «Guia Básico da Acção Cultural», em parceria com Carlos Lélis (1931-), então Secretário Regional de Educação e Cultura. Foi director do Museu Quinta das Cruzes (1977-2001). É autor de artigos publicados em revistas e organizou eventos relevantes para a cultura (colóquios e exposições). Trabalhou em parceria artísticas com os arquitetos Rui Goes Ferreira (1926-1978); Chorão Ramalho (1914-2002); Marcelo Costa (1927-1994).
Das suas inúmeras obras públicas destacam-se: «Escultura Comemorativa do 1.º Jogo de Futebol na Madeira», Camacha, 1969; «Trilogia dos Poderes», Assembleia Legislativa da Madeira, 1990; «Escultura Comemorativa dos 500 Anos da Fundação do Concelho de Ponta do Sol», 2001.
 
Texto: Rita Rodrigues
Foto (maquete): Pedro Clode / DRC. junho de 2020
Fotos (escultura na Rotunda Bernard Harvey Foster): Márcio Ribeiro / DRC.07.07.2020. 
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