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Libertino Lopes, foi o coautor da música «Porto Santo». Um ''jingle'' publicitário que virou Canção. 
Libertino Lopes foi um dos expoentes de referência da noite musical madeirense nos anos 50. Pianista, contrabaixista e compositor, passou pelo já mítico «Flamingo», espaço nobre da música funchalense. No «Solar da Dona Mécia», na vizinha Rua dos Aranhas constituiu o grupo «Tino Cubanos», com o qual lançaria os ritmos quentes da América do Sul. A exemplo de muitos outros jovens músicos madeirenses, lançou-se numa carreira nacional tocando em Lisboa, Figueira da Foz, Ponta Delgada (Açores) e numa das orquestras de bordo dos navios que faziam a rota das ilhas (circuito marítimo entre Madeira, Açores e Lisboa). Protagonizou ao longo da sua carreira muitos espetáculos e sobretudo música de dança, orientada esta para os ritmos latino americanos: Samba, Rumba, Tango e Bolero. Um músico de grande talento reconhecido pelos seus pares e pelo carinho do público. O «Tino Cubanos» acompanhou a 27 de janeiro de 1953, o cantor Max no Teatro Municipal do Funchal. Foi por essa altura que nasceu uma composição que ficou para sempre na história da música ligeira portuguesa. Libertino Lopes em coautoria com Maximiano de Sousa, criaram a música da canção «Porto Santo». Curiosa esta associação entre dois músicos e amigos que começaria a partir das palavras de Teodoro Silva, outro ilustre filho da terra. Uma das partes da música (o Refrão da canção) já estava composta pelo cantor Max, faltando uma segunda parte. Segundo José Marques dos Santos, músico e amigo de ambos os citados, Max e Libertino Lopes encontraram-se no Café do Teatro e de seguida foram para o «Solar da Dona Mécia», espaço onde Libertino Lopes tocava na altura. Em pouco mais de uma hora este compôs a parte em falta, passando para a pauta musical a canção completa, entregando-a a Max para gravar em Lisboa. Este tema partira de uma encomenda, solicitada ao grande artista Maximiano de Sousa pelas «Águas do Porto Santo», empresa que explorava a água mineral da ilha dourada. Pretendia-se assim utilizar a canção enquanto publicidade radiofónica e não como canção de repertório. Nos anos 50, era na Rádio que se fazia toda a propaganda aos produtos e marcas, havendo programas pagos inteiramente pela publicidade. Um ‘’spot’’ publicitário poderia custar algum dinheiro na sua produção, mas justificava-se o investimento. O número de ouvintes estava a crescer e essa era a forma mais rápida de se chegar ao grande público. Programas como «Companheiros da Alegria», de Francisco de Igrejas Caeiro, «O Comboio das Seis e Meia», de José Castelo ou «Vozes de Portugal», de José Rocha eram ‘’Programas Radiopublicitários’’. O que começaria por ser a ideia musical para um ‘’jingle’’ publicitário, transformou-se em Lisboa (na hora da gravação, por decisão de um dos produtores musicais presente), num grande sucesso nacional. A canção era digna de ser gravada e integrada no repertório do artista insular. Assim aconteceu. Desde o seu lançamento em 1954, o grande público recebeu a cantiga como um verdadeiro hino à Ilha do Porto Santo, enquanto lugar e espaço de grande beleza natural, mas também à sua gente amiga e simples. Em pouco tempo, «Porto Santo» transformou-se numa das melodias de marca do próprio cantor Max. Um Fado Bolero que correu mundo e esteve em destaque durante a digressão do cantor madeirense aos Estados Unidos da América, entre 1956 e 1959. Esta canção foi, segundo as suas palavras, a mais aplaudida e solicitada em todas as suas atuações. Escutemos hoje «Porto Santo» com mais atenção pois, a segunda parte desta emblemática canção, tem a mão criativa de Libertino Lopes.

Texto: Vítor Sérgio Sardinha

Libertino Lopes 

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