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O interesse nos móveis de vime em miniatura, parece ter despertado desde que surgem os móveis em tamanho real, em diferentes épocas e em diferentes culturas, com diferentes funções.
A produção de mobiliário em escala reduzida já era comum no mundo egípcio, com um sentido funerário, como forma de garantir que os pertences do defunto o acompanhavam, na vida após a morte, sendo comuns quer nos sarcófagos egípcios, quer nos romanos.
As miniaturas de móveis eram também uma presença constante no universo infantil. As peças de brinquedo, imitavam os utensílios e objetos dos adultos, uma espécie de símbolos que permitiam o diálogo com o mundo adulto e uma aprendizagem para a vida futura. Os brinquedos criavam-se à semelhança do mundo real, imitando a sua aparência e, inicialmente, porque produzidos por artífices ou por oficinas artesanais, imitavam, inclusivamente, na perfeição, as técnicas utilizadas nos de dimensão real.
Algumas miniaturas de móveis, constituíam, inclusivamente, uma espécie de “prova de exame”, dos ofícios tradicionais medievais, usadas para o “oficial” obter o grau de “Mestre”, demonstrando o artífice qualificado possuir a capacidade de produzir peças em miniatura, perfeitamente iguais, já que era maior o grau de dificuldade, quando se tratava de dimensões tão reduzidas.

Estas provas mantiveram-se durante um longo período já que, os trabalhos artesanais em Portugal e, também, na Europa, até pelo menos ao século XVIII, obedeciam, ainda, a determinadas caraterísticas herdadas das corporações dos ofícios medievais.
E é curioso referir que os designers continuam a fazer uso de protótipos tridimensionais em miniatura, talvez porque nenhuma outra forma de compreensão de um objeto, seja tão clara ou precisa.
No que se refere à nossa ilha e concretamente à obra de vime, esta não se restringiu à produção de cestaria, tendo surgido, no século XIX, a confeção de mobiliário, para se adequar à moda romântica das moradias de veraneio e dos jardins de Inverno.
Nessa época, surgem, também, móveis em vime, com menores dimensões, apropriadas ao uso das crianças, nomeadamente pequenas cadeiras, feitas à sua medida, que lhes serviam de assento, como a que se pode observar na imagem, bem como mobiliário, de tamanho miniatural, utilizado como brinquedos, à semelhança dos já existentes, em madeira e noutras matérias-primas, proporcionadas pelo meio natural e de confeção artesanal, sendo muito comum um conjunto de mesa, sofá e cadeiras, estas últimas também presentes nesta imagem, usadas para sentar as bonecas, motivo pelo qual alguns artífices da obra de vime davam-lhe o nome de “jogo de bonecas”.
Além do vime, também se utilizava outra fibra vegetal, a giesta, como matéria-prima, na confeção deste tipo de mobiliário, destinados a brinquedos para as crianças.
Produziam-se, ainda, miniaturas da cestaria tradicional, à semelhança da peça visível na imagem, bem como outros artefactos, com o mesmo fim lúdico.

FOTOGRAFIA: Retrato de Maria das Dores B. Câmara e da irmã Maria das Mercês, segunda metade da década de 1910, MFM-AV/INV.JAS/324, em depósito no ABM

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