Estas provas mantiveram-se durante um longo período já que, os trabalhos artesanais em Portugal e, também, na Europa, até pelo menos ao século XVIII, obedeciam, ainda, a determinadas caraterísticas herdadas das corporações dos ofícios medievais.
E é curioso referir que os designers continuam a fazer uso de protótipos tridimensionais em miniatura, talvez porque nenhuma outra forma de compreensão de um objeto, seja tão clara ou precisa.
No que se refere à nossa ilha e concretamente à obra de vime, esta não se restringiu à produção de cestaria, tendo surgido, no século XIX, a confeção de mobiliário, para se adequar à moda romântica das moradias de veraneio e dos jardins de Inverno.
Nessa época, surgem, também, móveis em vime, com menores dimensões, apropriadas ao uso das crianças, nomeadamente pequenas cadeiras, feitas à sua medida, que lhes serviam de assento, como a que se pode observar na imagem, bem como mobiliário, de tamanho miniatural, utilizado como brinquedos, à semelhança dos já existentes, em madeira e noutras matérias-primas, proporcionadas pelo meio natural e de confeção artesanal, sendo muito comum um conjunto de mesa, sofá e cadeiras, estas últimas também presentes nesta imagem, usadas para sentar as bonecas, motivo pelo qual alguns artífices da obra de vime davam-lhe o nome de “jogo de bonecas”.
Além do vime, também se utilizava outra fibra vegetal, a giesta, como matéria-prima, na confeção deste tipo de mobiliário, destinados a brinquedos para as crianças.
Produziam-se, ainda, miniaturas da cestaria tradicional, à semelhança da peça visível na imagem, bem como outros artefactos, com o mesmo fim lúdico.
FOTOGRAFIA: Retrato de Maria das Dores B. Câmara e da irmã Maria das Mercês, segunda metade da década de 1910, MFM-AV/INV.JAS/324, em depósito no ABM