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No âmbito do projeto desenvolvido no museu e do qual resultou uma exposição temporária e a edição, em 2019, do livro “Festas e Romarias da Madeira” (Nº3 da nossa coleção “Cadernos de Campo”), decidimos partilhar, nas nossas páginas das Redes Sociais (Facebook e Instagram) diferentes álbuns, com algumas imagens, que fazem parte dessa obra. Iremos percorrer todos os concelhos e divulgar diferentes festas, procurando assinalar alguns aspetos que as caraterizam.
Poderá encontrar mais informação sobre esta e outras festas no Portal dos Museus, ou, quando tudo regressar à normalidade, poderá consultar o livro, que está disponível nas lojas do museu e da Direção Regional da Cultura.
Esta semana, divulgamos a FESTA DE NOSSA SENHORA DA GRAÇA, que se celebra na ilha do PORTO SANTO.
Em Portugal, o culto de Nossa Senhora da Graça remonta ao ano de 1362, quando pescadores de Cascais lançaram as redes na véspera da Assunção, prometendo oferecer-lhe todo o peixe que naquele dia apanhassem, como agradecimento de um ano de fartura. Quando recolheram as redes verificaram que a pesca tinha sido abundante. No meio do peixe vinha uma imagem de N. Senhora com o Menino nos braços. Tomaram como graça do Céu aquele presente e passaram a chamar-lhe “da Graça”. Colocaram-na no mosteiro de Santo Agostinho, em Lisboa, que a partir daí ficou a ser conhecido como Igreja da Graça. De Lisboa este culto irradiou para todo o país.
A 15 de agosto, com início na véspera, comemora-se, no Porto Santo, o dia de Nossa Senhora da Graça. Esta festa tem origem numa lenda, que diz que, por graça divina, apareceu uma imagem de Nossa Senhora por cima de uma rocha, logo acima do sítio das Casinhas. Levaram-na para a Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade, mas ela reapareceu no local onde fora encontrada. Foi então decidido construir ali uma capela.
A festa de Nossa Senhora da Graça realiza-se no dia 15 de agosto em redor da sua capela. Antigamente o povo vinha a pé e os que viviam mais longe deslocavam-se em carros de bois engalanados com arcos e folhagens de canavieira e malvas, ou em burros.
Na véspera celebra-se a novena. No fim da tarde realizam-se as romagens com oferendas. Antigamente realizavam-se romagens em todos os sítios, mas hoje como não há muitas ofertas, juntam-se pessoas de vários sítios, no início da ladeira da ermida, e ao som de uma “braguinha”, acordeão e viola, cantam cantigas enquanto se dirigem em direção à igreja, para depositarem os produtos no bazar. As ofertas são depois entregues às pessoas que compram as rifas.
No dia seguinte realiza-se a missa e em seguida sai a procissão. Integram na procissão as Confrarias do Santíssimo Sacramento, a de Nossa Senhora da Graça e a de Nossa Senhora da Piedade. Também acompanham os padres, os fiéis, os meninos que realizaram a “Primeira Comunhão”, os escuteiros, a banda e as entidades civis e políticas. Enquanto a imagem sai do templo, ouve-se os sinos e, de vez em quando, o som do fogo de estalo. Após a procissão ter regressado à igreja, o padre dá a bênção aos inúmeros fiéis.
Durante a noite destes dois dias há animação com bandas e barracas de comes e bebes, onde não falta vinho e outras bebidas, bolo do caco, espetada e galinha na brasa. À meia-noite é queimado o fogo-de-artifício.
ROMARIAS: Em todas as paróquias celebram-se festas religiosas ou romarias, consagradas a Deus, ao Espírito Santo, a Nossa Senhora e aos santos, representados por uma relíquia ou por uma imagem. Distinguem-se das outras festas religiosas pelo caráter de “peregrinação”, do percurso efetuado pelo povo até o local do santuário, antigamente a pé, por caminhos íngremes e atalhos.
Normalmente estas festas realizam-se aos fins-de-semana e têm origem numa lenda, ou foram introduzidas pelos primeiros colonizadores, pois estes trouxeram consigo os seus santos de devoção, tornando-os santos protetores de uma determinada localidade.
As festas têm caraterísticas sagradas e profanas. Umas e outras são a face e o verso da mesma moeda.
De entre os rituais sagrados temos a celebração das novenas (nove missas, que se realizam diariamente, antes do dia da entidade que está a ser festejada), as confissões, a missa e a procissão. Dentro da igreja, o povo beija, usualmente, o santo “festeiro”, numa espécie de bênção propiciatória, simbolizando a aceitação do seu poder milagroso e os fiéis cumprem e fazem promessas, protegendo a sua vida quotidiana.
A festa também contempla a parte profana, ou seja o “arraial”, como é popularmente conhecido. É o espaço onde se dança, canta, come, realizam-se trocas comerciais, namora-se, etc.
Nesses dias, a igreja e arredores estão decorados com plantas, nomeadamente o louro, a murta, o buxo e a giesta, luzes, flores e bandeiras.
Uma ou mais bandas de música tocam pelas ruas, fazendo intervalos coincidentes com os grupos musicais e folclóricos. Também existem grupos de tocadores improvisados, que alternam entre si um mote, ou que cantam ao desafio (despiques), ao som do reco-reco, das castanholas, da harmónica, do brinquinho, do acordeão e dos instrumentos de corda: rajão, braguinha e viola de arame.
Design gráfico da Capa: Márcio Ribeiro

Créditos: Museu Etnográfico da Madeira.

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