SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA.
Escultura de vulto representando a mártir Santa Catarina de Alexandria (séc. IV), que se apresenta coroada, revelando condição real, como filha de Costes, rei de Alexandria. De cabelos repartidos ao meio, penteados em ondas e madeixas simétricas desde a face para as costas, apresenta rosto redondo, sereno e ausente, pálpebras profundas, como é característico da escultura coeva. Veste túnica realenga e rica com manto sobre os ombros, segurado no seu antebraço e mão esquerda o Livro Sagrado, remetendo para o Verbo Divino vertido nos Evangelhos, mas também referência à eloquência e sabedoria da mártir. Com a mão direita eleva a espada do seu martírio e junto ao lado esquerdo encontra-se a roda dentada, outro atributo. Na base sobre parterre encontra-se a figura do imperador romano Maximiano, que condenou a santa à morte, derrotado a seus pés, tentando erguer-se como símbolo da vitória da fé e sabedoria sobre a idolatria.
Esta tipologia é conhecida desde meados do século XV e nos inícios do século XVI será comum nas produções flamengas do Brabante (Antuérpia e Malines), onde a santa surge de toucados elaborados de cortesã. Enquadra-se no espírito da Contrarreforma e da Igreja Triunfante.
Obra atribuída a oficina portuguesa erudita de meados do século XVII, informada dos valores da modernidade renascentista, sob influência de escultores nórdicos a trabalharem em Portugal no século XVI e imbuída de uma serenidade do maneirismo nacional transformado em estilo Chão, cuja contenção de gestos remete para um alheamento emocional.
SANTA CATARINA DE ALEXANDRIA
Escola Portuguesa
Primeira metade do século XVII
Madeira estofada, policromada e dourada
Alt. 125 cm x Larg. 48 cm
Casa Colombo – Museu do Porto Santo e dos Descobrimentos Portugueses
Fotografia: Filipe Matos / DRC



