O Convento de Santa Clara, após um intenso trabalho de reabilitação e restauro, abriu portas ao público, como Monumento Visitável, no passado mês de maio. 
Este imponente monumento está localizado no Centro Histórico de São Pedro, na Calçada de Santa Clara, 15, no Funchal. Está aberto ao público de terça a sábado das 10h00 às 12h30 e 14h00 às 17h00, estando encerrado às  segundas, domingos e feriados.
De todo o seu conjunto arquitetónico, destaca-se a igreja, com elementos arquitetónicos e artísticos que vão desde o Tardo-Gótico, Manuelino, Renascimento, Maneirismo, Barroco, Rococó e Neoclássico. O convento é constituído por diversos volumes articulados: igreja, átrio/sala da roda, coros, torre, claustro, capelas, casa do capelão, residência da Congregação das Irmãs Franciscanas Missionárias de Maria e escola. No interior da igreja destaca-se o portal gótico em pedra branca importada (c.1450-1460); as sepulturas dos capitães donatários do Funchal (chão da capela-mor) e o túmulo de Martim Mendes de Vasconcelos (c.1432-c.1493), de traça manuelina (parede fundeira); a alta torre, de planta quadrada e cúpula oitavada, forrada com azulejos seiscentistas; os azulejos que forram as paredes, de padrão de Marvila (séc. XVII); o sacrário e os lampadários de prata (sécs. XVII e XVIII); os retábulos em talha (séc. XVIII).
Pela raridade, diversidade decorativa e beleza ímpar, destacam-se os azulejos hispano-mouriscos ou mudéjares (Sevilha, séc. XVI), com desenhos de inspiração gótica-cristã e islâmica, que revestem os pavimentos do coro alto e coro baixo; o teto mudéjar do coro alto e o cadeiral; o retábulo e imagem de «Nossa Senhora da Assunção» (séc. XVII); os azulejos pseudo-enxaquetados (séc. XVII); o retábulo do Calvário (séc. XVI), com pintura atribuída a oficina portuguesa, Fernão Gomes e Diogo Teixeira, e escultura de «Cristo crucificado», possivelmente de escola espanhola; o retábulo de Santo António (séc. XVII); o cadeiral (1736); a imagem do «Senhor dos Passos» (séc. XVIII); e a arca tumular de João Gonçalves Zarco (séc. XVIII).
No claustro encontram-se as capelas da Ressurreição, do Santíssimo Sacramento, de Nossa Senhora do Monte, de São Gonçalo de Amarante, e os oratórios de São Bernardo e o do Bom Jesus. Nestes espaços encontramos obras devocionais de oficinas regionais e nacionais, especialmente do século XVII, destacando-se ricos painéis de azulejos; retábulos protobarrocos de talha dourada; pinturas a óleo sobre tela; imagens de madeira. Nas duas capelas do alpendre, destaca-se os azulejos de técnica majólica, de inspiração ítalo-flamenga (Portugal, séc. XVI) e uma imagem de «São Miguel Arcanjo» (Lisboa, séc. XVII). A Capela de Nossa Senhora do Monte, de grande devoção na Ilha da Madeira, foi remontada, como a Capela do Santíssimo Sacramento, seguindo documentação do convento e fotografias do século XIX e da primeira metade do século XX.
De grande relevância é a sala de exposição, onde estão expostas diversas obras de arte, desde mobiliário, talha, escultura, pintura, azulejo, cerâmica e ourivesaria, de oficinas estrangeiras (Espanha, Flandres, Itália, Oriente e América Central), nacionais (Lisboa) e regionais, cuja produção se localiza nos séculos XVI a XVIII. De grande novidade, é o retábulo de talha dourada, do século XVII, de oficina regional, que pelas suas dimensões será proveniente da capela-mor da igreja do convento, e que se encontrava disperso e fragmentado por diversas dependências do convento.
O presente projeto, Reabilitação e Restauro do Convento de Santa Clara – Monumento Visitável, projetado e coordenado pela Secretaria Regional de Turismo e Cultura através da Direção Regional da Cultura, contou com a parceria do Laboratório José de Figueiredo e do Museu Nacional do Azulejo. A complexa e cuidada intervenção global nas áreas visitáveis foi possível com o apoio do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) – Programa Operacional da Região Autónoma da Madeira 2014-2020 (Madeira 14-20).
O Convento de Santa Clara, incluindo a sua igreja, está classificado como Monumento Nacional, desde 1940.