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TÚMULO DE MARTIM MENDES VASCONCELOS. 
Na Ilha da Madeira sobrevivem poucos exemplares de túmulos dos séculos XV e XVI, mas os sobreviventes são dignos de registo dentro da produção da arte tumular. Refira-se as diversas lâminas tumulares, em bronze, de produção oficinal flamenga, do século XVI, que ainda se conservam na Sé do Funchal; a lâmina sepulcral de João de Freitas e sua mulher, D. Guiomar de Lordelo, de oficina flamenga (c.1533-1544), também em bronze, na Igreja de Santa Cruz, e, ainda nesta igreja o túmulo da família Spínola, em pedra, obra quinhentista; o túmulo de Urbano Lomelino, de oficina nacional, do século XVI (c.1518), em mármore, proveniente do extinto e demolido Convento de Nossa Senhora da Piedade, em Santa Cruz, e hoje exposto na capela com o mesmo orago no Museu Quinta das Cruzes. 
No Convento de Santa Clara encontramos vários fragmentos de lápides tumulares, em pedra, do século XVI, reaproveitadas durante diversas campanhas de obras, perdendo-se, na sua maioria, a identificação dos sepultados.  No chão da varanda, antes de se aceder aos coros, encontra-se a lápide tumular das filhas do fundador do convento, João Gonçalves da Câmara: «AQUI YAS DONA C / ONSTANÇA DE NORONHA Q[ue] fondou ESTE M.[ostei]ro HE / SUA IRMÃ Don / ISABELA PRIMEIRA Abb[ades]sa. FILHAS do / SEG[UN]DO CAPITÃO / D[ES]TA ILHA». De relevada importância histórica são os túmulos dos capitães do donatário do Funchal até agora existentes na capela-mor da igreja. No centro desta capela existiu o túmulo de João Gonçalves Zarco, que no século XVIII estava referido como “mausoléu”, executado em pedra “tosca de mármore”, mas que em 1768 foi removido para paradeiro incerto. Esta deslocação foi requerida pela abadessa soror Antónia Luísa do Céu ao padre vigário custódio e autorizada pelo marquês Castelo Melhor, legítimo proprietário do convento, em virtude de o jazigo ser inconveniente às cerimónias de culto, sendo as cinzas guardadas numa caixa de madeira, agora no coro baixo do convento. 
Mas é o exímio trabalho em pedra do túmulo de Martim Mendes de Vasconcelos (c.1432-c.1493), genro de João Gonçalves Zarco, casado com Helena Gonçalves da Câmara, que merece destaque pela sua qualidade técnica e estética. Encontra-se incrustado na parede fundeira da igreja. Apresenta traça do gótico flamejante e um carneiro posto sob o arco em ogiva, ornado com cairéis rematados com flores, e diversos elementos fitomórficos nos capitéis e colunelos, como parras e uvas, elementos simbólicos da Eucaristia, folhas de acanto e flores, e, no fundo, o brasão heráldico, tendo na base três leões jazentes. Expressa talhe cuidado da pedra (regional?), com tratamento volumétrico das formas esquematizadas e simplificadas. 
No pavimento junto a este túmulo encontra-se a lápide de Gaspar Mendes de Vasconcelos, descendente do primeiro Martim Mendes de Vasconcelos, com uma inscrição explicativa e data de 1710. Em 1905, debaixo desta lápide, foram encontrados dois caixões de madeira e «alguns ossos». 
Integra-se este túmulo de Martim Mendes de Vasconcelos na designada “microarquitetura” ou “arquitetura miniaturizada”, simbiose entre a ideia de construção arquitetónica colossal e a arte escultórica, normalmente executada em mármore ou outras pedras, notavelmente talhada e esculpida, que ganhou espaço na arte tumular a partir do final da Idade Média.

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