9 de dezembro 2021 a 15 de janeiro 2022.
O Museu Quinta das Cruzes possui, no seu espólio, várias cenas das celebrações cristãs relativas ao Natal. Por entre as peças expostas, destaca-se um retábulo, proveniente de Bruxelas, em madeira de carvalho, em forma de tríptico, emoldurado por uma delicada decoração do gótico final, formando baldaquino, onde se destaca o pormenorizado trabalho de rendilhados, uma casa ou maquineta de presépio, uma peça portuguesa do século XIX e algumas figuras de presépio executadas em barro policromado e dourado do século XVIII
RETÁBULO – A Natividade
Bruxelas. 1ªmetade do século XV (c.1440-1450)
Atribuído ao «Mestre do Retábulo de Rieden» (Alemanha)
Madeira/Esculpida
Doação João Wetzler, 1951
MQC 1050
Retábulo executado em madeira de carvalho em forma de tríptico, com parte central alteada, composto por três grupos escultóricos (independentes e amovíveis) alusivos à vida da Virgem Maria e à infância de Cristo, que representam “Os Esponsais da Virgem” (à direita), “A Natividade” (ao centro) e “Adoração dos Reis Magos” (à esquerda).
Todo o conjunto escultórico é emoldurado por uma delicada decoração do gótico final, formando baldaquino, onde se destaca o pormenorizado trabalho de rendilhados.
Atribuído à oficina do Mestre do Retábulo de Rieden (Württembergisches Landesmuseum, Estugarda), ao retábulo do Museu Quinta das Cruzes faltam os volantes e algumas figuras que complementavam a restante estrutura retabular, bem como a policromia e douramento, atualmente inexistente, habituais nesta produção.
ADORAÇÃO DOS REIS MAGOS
Escola Flamenga ou Holandesa
(D’Après Gravura de Hendrick Goltzius de 1593)
Finais d século XVI
Óleo sobre Madeira de Carvalho
A. 100 x L. 86 cm
MQC 1290
Representação da Adoração dos Reis Magos que apresenta, na cena central, a Virgem, sentada de perfil, à esquerda, vestida com túnica e véu brancos e manto azul, com o Menino sentado ao colo a segurar oferenda de ouro do rei Belchior ajoelhado, de perfil, segurando urna com ambas as mãos.
Segundo Isabel Santa Clara, 2008, a versão da Adoração dos Magos do Museu Quinta das Cruzes poderá ser de escola flamenga ou holandesa, pois a proximidade era muita e os contactos estreitos. É de execução cuidada, vivacidade de colorido, pincelada fluída e marcada, bem visível nos realces claros. Está pintada sobre suporte bastante fino de madeira de carvalho.
Maquineta
Portugal. Século XIX / XX
Madeira entalhada e dourada; terracota modelada e policromada.
C. 57 x A. 65,5 x P. 37,5 cm
Aquisição, 1977
MQC 1966
Aludindo a representações visuais das passagens dos Evangelhos de S. Mateus e de S. Lucas (que relatam o nascimento do Menino Jesus), os Presépios em barro generalizaram-se em Portugal no século XVIII, com a famosa e magnífica produção das oficinas de Lisboa, e de Machado de Castro em particular. Estas representações de profundo sentido didático através da imagem tornaram-se poderosas máquinas cenográficas, que incluíam o núcleo central da Sagrada Família em torno da qual se dispunham diversas personagens e múltiplos acontecimentos (alguns de carácter profano e outros de carácter bíblico) relacionados com a vida da Virgem Maria e do seu Filho, dispostos no interior de uma Casa ou Maquineta de Presépio, geralmente fechada, com o interior numa disposição imutável.
A Circuncisão (Figuras de Presépio)
Oficina de Lisboa, 2.ª metade do século XVIII
Barro/Escultura modelada em vulto a 3/4 de costas escavadas, cozida e policromada
A. 22 x L. 22,2 x P. 12,2 cm
Doação César Filipe Gomes, 1946
MQC 982.1
Representação do momento da Circuncisão do Menino Jesus, com a Virgem Maria, o Menino e um sacerdote judeu à volta de um altar. É uma das cerca de 94 de figuras de presépio de pequeno formato que compõem o acervo do Museu. São executadas em barro, policromado e dourado, do século XVIII e de inícios do século XIX, em oficinas portuguesas, cujas plasticidades e formalismos identificam ora a gramática estética rocaille, ora um realismo social.
